INTERNACIONAL

Ex-chefe da Pemex implica ex-presidentes e políticos em esquema de corrupção

O ex-diretor da estatal de petróleo mexicana Pemex, Emilio Lozoya, que responde atualmente a um processo judicial, acusou ex-presidentes e políticos principalmente do partido de oposição PAN, de participar em diferentes esquemas de corrupção, em uma declaração feita à procuradoria-geral, que vazou para a imprensa

AFP
20/08/2020 às 19:25.
Atualizado em 25/03/2022 às 15:59

O ex-diretor da estatal de petróleo mexicana Pemex, Emilio Lozoya, que responde atualmente a um processo judicial, acusou ex-presidentes e políticos principalmente do partido de oposição PAN, de participar em diferentes esquemas de corrupção, em uma declaração feita à procuradoria-geral, que vazou para a imprensa.

Entre os acusados por Lozoya está o ex-presidente Felipe Calderón (2006-2012). Seu governo teria favorecido a empresa Braskem, filial da Odebrecht, para a construção de uma petroquímica.

Em sua declaração por escrito, vazada na noite de quarta-feira aos meios de comunicação, Lozoya afirma que, por instruções do ex-presidente Enrique Peña Nieto e do ex-secretário da Fazenda e ex-chanceler, Luis Videgaray, entregou propinas a legisladores para que aprovassem reformas estruturais, entre elas a energética, que abriu o setor para a iniciativa privada após 71 anos de monopólio estatal.

"Enrique Peña Nieto e Luis Videgaray me disseram em fevereiro de 2013 que era preciso entregar quantias significativas de dinheiro à oposição para que esta votasse a favor de certas reformas estruturais", disse Lozoya no documento.

O ex-funcionário disse também que os então senadores do Partido Ação Nacional (PAN, direita) Francisco García Cabeza de Vaca e Francisco Domínguez, hoje governadores dos estados de Tamaulipas (nordeste) e Querétaro (centro), receberam propinas, embora ambos tenham negado as acusações.

Domínguez, que esteve presente na quarta-feira na habitual coletiva de imprensa do presidente Andrés Manuel López Obrador, negou as acusações de corrupção.

"O senhor Lozoya pretendeu me envolver com uma baixeza inaudita em casos de corrupção (...) Não havia necessidade de me dar dinheiro para conseguir um voto que já tinha por convicção pessoal", disse Domínguez em uma surpreendente declaração durante a coletiva, na qual López Obrador preferiu evitar que se fizessem mais afirmações sobre o tema.

Lozoya também afirmou que entregou pouco mais de seis milhões de pesos (cerca de US$ 300.000) ao ex-candidato presidencial do PAN, Ricardo Anaya, que também negou a acusação.

"Não sonhem que vou me deixar levar. Comigo eles vão bater contra uma parede. Não me importa quanto tempo vou levar", disse Anaya em um vídeo publicado nas redes sociais. O político do PAN competiu com o presidente Andrés Manuel López Obrador na eleição de 2018 e anteriormente foi deputado federal.

Lozoya disse que durante o governo de Felipe Calderón (2006-2012) foram dadas condições vantajosas à empresa Braskem, filial da empreiteira brasileira Odebrecht, para a construção de uma fábrica petroquímica.

Em resposta, Calderón disse no Twitter que Lozoya é usado pelo presidente Andrés Manuel López Obrador "como instrumento de vingança e perseguição política".

Lozoya também declarou que o ex-presidente Carlos Salinas (1988-1994) fazia lobby para que um de seus filhos recebesse projetos da Pemex.

A procuradoria-geral negou ter vazado o documento e anunciou que iniciou uma investigação a respeito, embora não tenha negado sua autenticidade.

No entanto, o presidente López Obrador disse que a denúncia é autêntica devido à reação dos envolvidos.

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