INTERNACIONAL

EUA isolado na ONU em favor de sanções ao Irã

Os Estados Unidos vão exigir unilateralmente neste fim de semana que as sanções das Nações Unidas contra o Irã voltem a vigorar, medida que corre o risco de aumentar seu isolamento, mas também as tensões internacionais

AFP
21/09/2020 às 19:27.
Atualizado em 24/03/2022 às 13:11

Os Estados Unidos vão exigir unilateralmente neste fim de semana que as sanções das Nações Unidas contra o Irã voltem a vigorar, medida que corre o risco de aumentar seu isolamento, mas também as tensões internacionais.

"Todas as sanções da ONU contra o Irã voltarão a vigorar neste fim de semana, às 20h00 de sábado (21h00 em Brasília)", disse o enviado dos EUA Elliott Abrams.

No entanto, Washington está praticamente sozinho: as outras grandes potências, Rússia, China, mas também os aliados europeus dos americanos, questionam esta afirmação.

Em meados de agosto, o governo Donald Trump sofreu um revés retumbante no Conselho de Segurança da ONU em sua tentativa de estender o embargo de armas convencionais contra Teerã, que expira em outubro.

Acusando, em um ataque de rara violência, França, Reino Unido e Alemanha de terem "escolhido alinhar-se com os aiatolás" no poder na República Islâmica, o chefe da diplomacia americana Mike Pompeo desencadeou em 20 de agosto um procedimento polêmico, apelidado de "snapback", e que deveria tornar possível restaurar todas as sanções da ONU contra o Irã um mês depois.

As sanções foram suspensas em 2015, quando Teerã se comprometeu, no âmbito de um acordo internacional, a não adquirir armas nucleares.

No entanto, Trump, após considerar insuficiente o texto negociado por seu antecessor Barack Obama, retirou os Estados Unidos do acordo em 2018, restabelecendo e até mesmo endurecendo suas próprias sanções bilaterais.

Agora, em uma pirueta jurídica, os Estados Unidos invocam seu status de país "participante" desse acordo, que abandonaram com o único objetivo de ativar o "snapback".

Quase todos os outros países-membros do Conselho de Segurança questionam a capacidade de Washington de se valer dessa condição e, portanto, não acompanharam sua abordagem.

O diálogo de surdos continua: o governo Trump finge agir como se as sanções internacionais tivessem sido restauradas, enquanto as outras potências agem como se nada tivesse acontecido.

Os norte-americanos "vão afirmar que ativaram o snapback e, portanto, que as sanções devem ser aplicadas novamente", mas "essa ação não tem fundamento legal" e, portanto, não pode "ter consequências jurídicas", afirmou uma fonte diplomática europeia.

"Nada vai acontecer", previu outro diplomata da ONU.

Um terceiro diplomata lamenta o ato "unilateral" de Washington. "Rússia e China assistem com satisfação, enquanto comem pipoca, e europeus e americanos estão divididos", disse.

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