Os Estados Unidos ordenaram o fechamento do consulado chinês em Houston, acusado de ser o "coração" de uma rede de espionagem, uma decisão tomada em meio à crescente tensão entre as duas potenciais mundiais
Os Estados Unidos ordenaram o fechamento do consulado chinês em Houston, acusado de ser o "coração" de uma rede de espionagem, uma decisão tomada em meio à crescente tensão entre as duas potenciais mundiais.
A medida foi anunciada nesta quarta-feira (22) por Pequim, que a considerou uma "provocação" e ameaçou revidar, um presságio para uma deterioração ainda maior das relações entre os dois países, envolvidos em embates políticos sobre a lei de segurança em Hong Kong, as acusações de espionagem e a situação da minoria uigur no noroeste da China, entre outras diferenças.
O consulado chinês foi fechado "para proteger a propriedade intelectual americana e as informações privadas dos americanos" - disse uma porta-voz do Departamento de Estado nesta quarta-feira (22), após o vigoroso protesto de Pequim contra essa decisão.
A porta-voz do Departamento de Estado, Morgan Ortagus, declarou que, no passado, o regime comunista fez "uma espionagem em massa" nos Estados Unidos e interferiu na política doméstica, exerceu pressões sobre autoridades econômicas e "ameaçou famílias sino-americanas que moram na China".
Os Estados Unidos tomaram esta decisão devido ao "persistente roubo de tecnologia americana por representantes e agentes do governo chinês", declarou o vice-secretário de Estado, Stephen Biegun.
O vice-secretário também mencionou "desvios no sistema de intercâmbios universitários" e um comportamento de funcionários do consulado chinês em Houston considerado "incompatível com as práticas diplomáticas normais".
Em viagem à Dinamarca, o secretário de Estado, Mike Pompeo, não se aprofundou nessas justificativas, mas denunciou, novamente, o "roubo de propriedade intelectual por parte do Partido Comunista chinês", tanto nos Estados Unidos quanto na Europa.
"O presidente Trump disse "chega"", afirmou Pompeo, que ameaçou impor novas sanções, sempre que Pequim não se "comportar" de acordo com os desejos de Washington.
O presidente do Comitê de Inteligência do Senado americano, o senador republicano Marco Rubio, afirmou, por sua vez, que o consulado da China em Houston é "o coração de uma vasta rede de espiões e de operações de influência do Partido Comunista chinês nos Estados Unidos".
Segundo o senador, aliado de Trump, o fechamento dessa missão diplomática já deveria, por esse motivo, ter sido decidido "há tempos".
"Os espiões têm 72 horas para sair, sob pena de serem presos", tuitou Rubio.
Segundo jornais de Houston, os bombeiros foram ontem à noite ao consulado chinês porque documentos estavam sendo queimados no pátio do edifício.
No Twitter, a polícia local disse que se via fumaça, mas que as forças de ordem "não receberam autorização para entrar" no edifício.
Durante um comparecimento de Biegun no Congresso, diversos senadores se queixaram da ineficácia da medida.
"Fechar (o consulado) deveria ser um meio, e não um fim", protestou o senador democrata Bob Menendez. "Estamos como no Titanic", declarou o republicano Mitt Romney. "Colocamos a música bem alta, mas estamos afundando", completou.