Estados Unidos e União Europeia sancionaram nesta segunda-feira (22) altos funcionários da junta de Mianmar pela repressão dos opositores ao golpe militar, que continuam se manifestando em todo o país
Estados Unidos e União Europeia sancionaram nesta segunda-feira (22) altos funcionários da junta de Mianmar pela repressão dos opositores ao golpe militar, que continuam se manifestando em todo o país.
Desde o golpe de Estado de 1º de fevereiro, que derrubou a líder civil Aung San Suu Kyi, mais de 2.600 pessoas foram presas e cerca de 250 assassinadas, segundo a Associação de Ajuda aos Presos Políticos (AAPP).
Mas o balanço de vítimas pode ser maior, segundo esta organização local de direitos humanos.
De acordo com o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, o chefe da polícia Than Hlaing e o tenente-general Aung Soe são responsáveis pela repressão e pelo fato das forças de segurança começarem a usar força letal contra os manifestantes.
As sanções, que buscam impedir que os afetados possam fazer negócios com os Estados Unidos ou acessar o sistema financeiro global, também foram aplicadas a duas divisões de infantaria do exército.
"A junta continua tentando mudar os resultados de uma eleição democrática reprimindo brutalmente os manifestantes pacíficos", informou o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, em um comunicado.
Por sua vez, os ministros das Relações Exteriores da União Europeia aprovaram sanções contra o líder da Junta, o general Min Aung Hlaing, assim como contra nove oficiais das Forças Armadas e o presidente da Comissão Eleitoral.
Os sancionados estão proibidos de viajar para a UE ou de transitar por ela e seus eventuais ativos ou recursos na União estão congelados.
Em Mandalay (centro), capital cultural e segunda cidade do país, os manifestantes - entre os quais se encontravam professores - protestaram de novo em grande número antes do amanhecer desta segunda, alguns erguendo cartazes que pediam a intervenção da ONU.
Oito pessoas morreram no domingo e cerca de 50 ficaram feridas na cidade, informou uma fonte médica à AFP.
Em um bairro foram ouvidos tiros até 23h00 no horário local.
"As pessoas estavam com muito medo e ficaram inseguras durante toda a noite", afirmou à AFP um médico.
Para protestar contra a repressão, um grupo de médicos de Mandalay realizou uma "manifestação de cartazes" alinhados na rua como manifestantes virtuais, informou o jornal independente Voice of Myanmar. Os monges também fizeram um protesto parecido.
Em Yangon, a capital econômica do país, também foram organizados protestos durante a madrugada em alguns bairros. Os motoristas tocaram as buzinas dos carros em apoio ao movimento pró-democracia.
Moradores no subúrbio de Hlaing lançaram balões vermelhos com mensagens para a ONU, que incluem pedidos de intervenção para acabar com as atrocidades no país, segundo a imprensa local.