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EUA e seu pecado original: morte de Floyd gera revisão da história nacional

A demolição de monumentos confederados e das estátuas de Cristóvão Colombo é uma expressão da força com a qual os americanos estão enfrentando seu passado racista após a morte de George Floyd

AFP
13/06/2020 às 14:06.
Atualizado em 27/03/2022 às 16:48

A demolição de monumentos confederados e das estátuas de Cristóvão Colombo é uma expressão da força com a qual os americanos estão enfrentando seu passado racista após a morte de George Floyd.

"Parece que chegamos a um ponto de virada no relato de quem somos como povo americano", disse David Farber, professor de história da Universidade do Kansas.

"Estamos vendo dezenas de milhões, senão centenas de milhões, de americanos fazendo perguntas fundamentais sobre o que fazemos com os aspectos desagradáveis e, sejamos francos, até imorais, do nosso passado".

O assassinato em 25 de maio do afro-americano George Floyd por um policial branco em Minneapolis provocou uma onda de protestos exigindo justiça e uma reforma da polícia.

Mas a morte desse homem de 46 anos também levou a um questionamento do passado.

Em várias cidades dos Estados Unidos, os manifestantes concentraram sua raiva nos monumentos erguidos em memória de generais e políticos pró-escravidão do sul durante a Guerra Civil.

Em Richmond, por exemplo, derrubaram uma estátua de Jefferson Davis, o presidente confederado durante o conflito que ocorreu entre 1861 e 1865.

"Os símbolos da Confederação são, acredito, os mais polarizadores desses monumentos. Mas o fenômeno está se espalhando pelos Estados Unidos", disse Farber.

"Em Nova York, as estátuas de Colombo foram derrubadas. No Novo México, uma do conquistador considerado um genocida dos povos indígenas foi retirada", apontou o historiador.

"Há escolas do ensino médio em todo o país com o nome de John Calhoun", um ex-vice-presidente que foi um defensor declarado da escravidão.

Farber observou que o debate sobre os memoriais confederados não é exatamente novo.

Os manifestantes pelos direitos civis das décadas de 1950 e 1960 denunciaram o fato de estarem "marchando por ruas com os nomes de racistas e supremacistas brancos".

Os esforços para remover os monumentos confederados ganharam força depois que um supremacista branco matou nove afro-americanos em uma igreja em Charleston, Carolina do Sul, em 2015.

"O ritmo agora está aumentando por causa dos protestos", disse Andra Gillespie, professora associada de ciências políticas da Universidade de Emory.

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