Estados Unidos e Cuba trocaram acusações de apoio ao terrorismo nesta quarta-feira (13), com novas pressões à ilha um dia depois de Havana exigir uma "investigação completa" sobre o recente ataque contra sua embaixada em Washington
Estados Unidos e Cuba trocaram acusações de apoio ao terrorismo nesta quarta-feira (13), com novas pressões à ilha um dia depois de Havana exigir uma "investigação completa" sobre o recente ataque contra sua embaixada em Washington.
O governo de Donald Trump incluiu Cuba em sua lista negra por "não cooperar totalmente" na luta contra o terrorismo, distanciando-se ainda mais dos esforços de reconciliação promovidos por seu antecessor, Barack Obama.
Cuba se juntou a outros quatro adversários (Irã, Síria, Coreia do Norte e Venezuela) que não obtiveram em 2019 a certificação exigida por uma lei americana contra o terrorismo, passo preliminar para qualquer venda de armas pelos Estados Unidos.
É a primeira vez que Cuba aparece nessa lista desde 2015, quando foi retirada pelo governo Obama, que deu um passo histórico para restabelecer as relações diplomáticas rompidas desde a revolução de Fidel Castro.
O governo Trump acusou Cuba de abrigar membros do Exército de Libertação Nacional (ELN), o último grupo guerrilheiro ativo na Colômbia, que viajaram a Havana em 2017 para negociações de paz com representantes de Bogotá e ainda não retornaram.
"A recusa de Cuba em se envolver produtivamente com o governo colombiano mostra que não está cooperando com o trabalho dos Estados Unidos para apoiar os esforços da Colômbia de garantir paz, segurança e oportunidades justas e duradouras para seu povo", afirmou o Departamento de Estado.
A certificação é diferente da designação de "terrorismo patrocinado pelo Estado", que tem efeitos legais de amplo alcance. Cuba foi removida da lista de estados que patrocinam o terrorismo em 2015, embora o governo Trump tenha sugerido que a ilha pode ser reinserida no rol.
Cuba, que não importa armas dos Estados Unidos, há seis décadas, deve ser pouco afetada na prática por esta nova medida. Mas isto não impede que Havana repudie a decisão.
"O Departamento de Estado coloca Cuba na lista de países que não cooperam na luta contra o terrorismo, mas não impediu, nem condenou o ataque terrorista de 30 de abril", disse o chanceler Bruno Rodríguez, denunciando "impunidade de grupos violentos" em território americano.
"Rodríguez publicou um vídeo no Twitter na terça-feira, quando convocou os Estados Unidos a explicarem supostos vínculos do agressor com grupos que incitam o ódio contra Cuba.
Alexander Alazo, cubano residente nos Estados Unidos, foi preso por 32 tiros disparados contra a sede diplomática, que deixaram danos materiais. O Serviço Secreto dos EUA, encarregado de proteger as autoridades estrangeiras, disse que Alazo recebeu remédios psiquiátricos depois de se queixar de ouvir vozes.
Segundo documentos judiciais, um homem de 42 anos tentou incendiar uma bandeira cubana, mas não conseguiu. Em vez disso, agitou uma bandeira dos EUA e "gritou em direção à embaixada cubana que era ianque".
Rodríguez vinculou Alazo a uma igreja evangélica na Flórida, a Doral Jesus Worship Center. O vice-presidente dos EUA, Mike Pence, discursou no ano passado neste centro religioso, onde considerou os líderes de Cuba "os verdadeiros imperialistas no hemisfério ocidental".
Cuba é um importante aliado do presidente socialista da Venezuela, Nicolás Maduro, que Washington considera um ditador.