INTERNACIONAL

EUA corta ajuda ao Afeganistão após fracasso da mediação de Pompeo

Os Estados Unidos cortaram consideravelmente a ajuda ao Afeganistão nesta segunda-feira (23) e confirmaram a retirada gradual de suas tropas após o fracasso do secretário de Estado, Mike Pompeo, em negociar com líderes políticos em Cabul

AFP
23/03/2020 às 23:05.
Atualizado em 04/04/2022 às 22:01

Os Estados Unidos cortaram consideravelmente a ajuda ao Afeganistão nesta segunda-feira (23) e confirmaram a retirada gradual de suas tropas após o fracasso do secretário de Estado, Mike Pompeo, em negociar com líderes políticos em Cabul.

Pompeo passou oito horas na capital afegã e depois foi a Doha (Qatar), onde se encontrou pela primeira vez com líderes talibãs para tentar colocar nos trilhos um ameaçado processo de paz.

Três semanas após a assinatura de um acordo histórico de paz entre Washington e os talibãs, essa dupla visita surpresa não ajudou a superar o impasse político, segundo Pompeo, que, no entanto, mencionou alguns "progressos".

Na capital afegã, o chefe da diplomacia americana se reuniu com o presidente Ashraf Ghani e o ex-chefe do Executivo Abdullah Abdullah, que também se proclamou vencedor das eleições presidenciais de 28 de setembro de 2019.

Ele alega que os exortou a fazer concessões para formar um governo de coalizão nacional capaz de negociar com os talibãs.

Mas os dois líderes o informaram "de sua incapacidade de encontrar um acordo sobre um governo inclusivo", afirmou Pompeo

Por causa desse "fracasso", Washington decidiu cortar a ajuda a Cabul "imediatamente" no valor de 1 bilhão de dólares, disse Pompeo.

"Estamos prontos para cortar mais 1 bilhão em 2021", ameaçou, embora tenha dito que os Estados Unidos poderiam restabelecer a ajuda se a situação mudar.

Os Estados Unidos assinaram um acordo histórico com os talibãs em Doha, após 18 anos de guerra, em 29 de fevereiro, que prevê a retirada gradual ao longo de 14 meses de todas as forças americanas e estrangeiras do Afeganistão, desde que os insurgentes cumpram suas exigências, como garantir a segurança e sentar-se para negociar diretamente com o governo de Cabul.

Essas negociações, que deveriam começar em 10 de março, já foram adiadas, assim como as trocas de prisioneiros entre as duas partes no conflito contemplada no texto, enquanto a violência continua no Afeganistão.

Ao destacar que o governo Donald Trump está determinado a deixar o Afeganistão antes das eleições presidenciais de novembro nos Estados Unidos, Pompeo confirmou que a retirada americana continuava apesar dessas interrupções.

No Catar, o secretário de Estado também se reuniu com "representantes dos talibãs", incluindo o principal negociador Mullah Baradar, "para pressioná-los a cumprir o acordo assinado no mês passado", disse seu porta-voz, Morgan Ortagus.

Esta dupla visita surpresa ocorre um dia depois de o governo afegão e os talibãs se reunirem pela primeira vez - por videoconferência, devido à pandemia da COVID-19 - para discutir os termos das possíveis trocas de prisioneiros, uma etapa crucial no processo de paz.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Gazeta de Piracicaba© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por