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Estudantes de medicina alemães se tornam 'detetives' para conter contágios

"Quais são os seus sintomas? Com quem você esteve nos últimos dias?" Em Colônia, na Alemanha, estudantes de medicina recrutados pelas autoridades de saúde repetem essas perguntas para pacientes confirmados, ou com suspeita de COVID-19, com o objetivo de interromper a cadeia de infecções

AFP
16/06/2020 às 10:28.
Atualizado em 27/03/2022 às 17:02

"Quais são os seus sintomas? Com quem você esteve nos últimos dias?" Em Colônia, na Alemanha, estudantes de medicina recrutados pelas autoridades de saúde repetem essas perguntas para pacientes confirmados, ou com suspeita de COVID-19, com o objetivo de interromper a cadeia de infecções.

Esses caçadores de vírus fazem um trabalho crucial de detetive durante o confinamento. Para evitar uma segunda onda e possível reconfinamento, todas as pessoas em risco devem ser identificadas o mais rápido possível.

Seu trabalho deve se tornar mais fácil a partir desta terça-feira, quando um aplicativo móvel será lançado no país para acompanhar os doentes.

Tudo começa quando as autoridades de saúde recebem um fax, no qual um laboratório anuncia um resultado positivo.

A partir desse momento, não há um minuto a perder.

A pessoa infectada recebe uma ligação rapidamente. Primeiro para anunciar o resultado do teste e o início de uma quarentena, e também para ajudá-lo a não entrar em pânico, mas não subestimar a situação, explica Andreas Gehlhar, um dos 200 estudantes de medicina recrutados desde março pelo escritório de saúde local.

A Alemanha, que já deu o exemplo ao mundo por sua gestão no pior momento da pandemia, o que lhe permitiu ter um número menor de mortes do que em outros países (cerca de 8.800 de 190.000 pacientes), queria que esse trabalho de detetive fosse realizado por pessoas qualificadas e escolheu estudantes de medicina.

O objetivo é encontrar todas as pessoas, com as quais o paciente teve contato nas últimas 48 horas. E, para isso, devem fazer perguntas como detetives.

"Por exemplo, uma pessoa idosa que mora em um prédio residencial nos diz que viu apenas sua filha nos últimos dois dias, mas, conversando com ela, percebemos que falou com as pessoas que limpam as escadas e que esperou 30 minutos no consultório médico", cita como exemplo Barbara Grüne, uma estudante de medicina que lidera uma das "brigadas de detetives de saúde".

Assim, a lista de contatos do paciente pode ser aumentada. Cada um deles receberá um telefonema o mais rápido possível nesta cidade de um milhão de habitantes.

O objetivo é convencer cada uma dessas pessoas que tiveram contato com o paciente a respeitar uma quarentena, algo que a maioria das pessoas aceita, segundo Grüne. Essa medida permite "cortar a cadeia de transmissão do vírus".

Em Colônia, o balanço da pandemia continua moderado, como ocorre em todo país. Por enquanto, 100 pessoas morreram pelo novo coronavírus, e há 2.500 casos confirmados.

Embora os novos casos registrados sejam muito inferiores ao pico da pandemia em março, "não é motivo de imprudência", diz o diretor do escritório de saúde de Colônia, Johannes Niessen.

"Estamos prontos para a segunda onda de infecções que ocorrerá no outono", acrescenta Niessen.

Este não é o caso dos 400 escritórios de saúde, onde o número de médicos recrutados pela administração diminuiu em um terço nos últimos 15 anos, segundo a federação do setor.

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