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Esperanças de paz no Afeganistão após o anúncio de trégua e negociações

Adiadas durante muito tempo, as negociações de paz no Afeganistão entre o governo e os talibãs podem começar na próxima semana, afirmou o presidente Ashraf Ghani, que deu seu aval para uma curta trégua decretada pelos insurgentes

AFP
29/07/2020 às 08:03.
Atualizado em 25/03/2022 às 17:47

Adiadas durante muito tempo, as negociações de paz no Afeganistão entre o governo e os talibãs podem começar na próxima semana, afirmou o presidente Ashraf Ghani, que deu seu aval para uma curta trégua decretada pelos insurgentes.

O governo dos Estados Unidos, que espera este avanço desde que assinou o histórico acordo com os talibãs no fim de fevereiro, após mais de 18 anos de guerra, celebrou o "anúncio de um cessar-fogo" e pediu o início "rápido" de negociações interafegãs.

"Esperamos que o Aid al Adha una todos os afegãos na compreensão e entendimento mútuo. E que constitua um passo a mais rumo a uma paz duradoura", tuitou Zalmay Khalilzad, enviado especial dos Estados Unidos para o Afeganistão.

A trégua de três dias deve entrar em vigor na sexta-feira por ocasião da festa muçulmana do Aid al Adha, a festa do sacrifício, tradicionalmente marcada por reuniões familiares.

Este é o terceiro cessar-fogo oficial desde o início do conflito em 2001, com uma trégua decretada em junho de 2018 e outra e maio deste ano.

O anúncio desta segunda suspensão dos combates aconteceu depois que o presidente Ghani declarou no mesmo dia que esperava o início de negociações de paz "diretas" com os talibãs "em uma semana".

O anúncio de Cabul aconteceu depois que os talibãs afirmaram na semana passada que também estavam preparados para negociar após o Aid al Adha.

O acordo assinado por Estados Unidos e talibãs em 29 de fevereiro estabelece que todas as forças estrangeiras devem abandonar o Afeganistão nos próximos meses, em troca de várias promessas de segurança por parte dos insurgentes.

As conversações deveriam ter começado em 10 de março, segundo o acordo, mas foram prejudicas pela situação política confusa em Cabul e a estagnação no processo de troca de prisioneiros.

O acordo entre Washington e os talibãs prevê a libertação de 5.000 insurgentes sob poder do governo afegão e de 1.000 integrantes das forças de segurança sequestrados pelos rebeldes.

Desde a assinatura do acordo, 3.500 soldados afegãos morreram em confrontos, segundo o presidente Ghani, que também informou as mortes de 775 civis e 1.609 feridos em ataques.

"Todos os mujahedines (combatentes talibãs) devem interromper qualquer operação contra o inimigo durante os três dias e noites do Aid al Adha", afirmou o porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahid, em um comunicado.

Mas ele alertou que qualquer ataque do "inimigo" envolverá o uso da força por parte dos rebeldes.

O governo afegão reagiu pouco depois e ordenou a "todas as forças de segurança e de defesa que respeitem o cessar-fogo", declarou um porta-voz do presidente Ghani.

Porém, acrescentou, estas deverão "retaliar se os talibãs atacarem nossas forças ou o nosso povo".

"Para demonstrar o compromisso de nosso governo com a paz, a República Islâmica (do Afeganistão) terminará em breve de libertar 5.000 prisioneiros talibãs", afirmou o chefe de Estado em um discurso no palácio presidencial.

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