Quem passou perto da escola na quinta-feira (15) recebeu flores e mensagens de incentivo à vida (Mateus Medeiros/Gazeta de Piracicaba)
“Eu senti amor quando entreguei as flores e as mensagens e isso trouxe, para mim, alegria e carinho, pois nunca passei por uma experiência dessas na minha vida", conta Tayla Rocha da Silva Almeida, 10, aluna da Escola Estadual Honorato Faustino, em Piracicaba, e que na manhã da última quinta-feira (15) participou - com os demais alunos - do projeto Tecendo a Vida, idealizado pela instituição escolar.
O projeto foi desenvolvido a partir da campanha de Valorização da Vida - A arte de Viver, em homenagem ao Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio. Para que essa conscientização não ficasse somente por trás dos muros da escola, o corpo docente preparou um evento na frente do supermercado Jaú Serve do bairro São Dimas.
Ali os estudantes cantaram, um grupo tocou flautas e outro distribuiu vasos de flores e mensagens positivas. Andréia Trevisan, 50, que tem um comércio nas proximidades, ouviu a música e foi ver do que se tratava. Ao se aproximar dos alunos foi recebida de forma calorosa, com um abraço, ganhou um vaso de flor e uma mensagem que dizia: "O setembro amarelo é um mês de alerta para todos nós. O alerta é para que cada de nós possamos escutar mais as pessoas".
Segundo Andréia, é gratificante ver esse gesto, ainda mais partindo de crianças que se reúnem por uma causa tão séria. "Me senti acolhida, fiquei emocionada, e um garotinho me dizia: setembro amarelo, valorização da vida", conta a comerciante.
"Quando ouvi as músicas não pensei duas vezes, fechei a loja e fui ver o que estava acontecendo. Deparei com esse lindo gesto e confesso que chorei de emoção com as músicas tocadas na flauta. Os olhinhos deles brilhavam, pois, todos que passavam os aplaudiam", destaca.
Na escola, todas as crianças, cerca de 400, cantaram "É preciso saber viver', do Titãs, e "O que é, o que é", de Gonzaguinha. Na flauta, alunos dos 4º e 5º anos tocaram "Photography", de Ed Sheeron, e "We Will rock you", do Queen.
A empresária Adriana Cristina Pereira, 54, relata que ficou muito orgulhosa ao ver o que a escola preparou. O neto dela, João Wesley da Rocha Medrado, 9, estuda no 4º ano. “Essa escola é, simplesmente, maravilhosa. As crianças são ensinadas a servir, respeitar e a colaborar. Se todas as escolas fossem como a Honorato Faustino, a meu ver, não haveria necessidade de existir escolas particulares”, observa.
“É muita responsabilidade, criatividade, empenho e a gente vê isso. Professores e direção não têm preguiça. Quando vejo o que meu neto João aprende, e olho para outros netos que estudam em escola particular, o João não fica nada atrás. O que fizeram sobre o setembro amarelo foi muito lindo”, comenta Adriana.
Lição de vida
A aluna do 5º ano Laura Romero, 10, disse que ficou muito emocionada durante o evento fora da escola, porque nunca havia passado por experiência semelhante. “Senti amor e carinho nos gestos”, fala a menina que foi uma das que entregaram um mimo para populares. “Com o projeto aprendi a ser uma pessoa melhor e amar minha própria vida”.
Valentida Lodde Rodrigue, 10, aluna do 4º ano, conta que foi invadida por uma felicidade ao distribuir flores e mensagens alegres. “Quando dei uma flor para uma idosa, ela me deu um abraço e me senti muito bem com isso que me faz valorizar mais a vida, ter mais empatia e dar amor para as pessoas próximas de mim”, relata.
Nicolas Pereira de Oliveira, 10, que cursa o 5º ano, diz que ficou emocionado. “Senti muita alegria em poder ter ajudado aquelas pessoas e dado felicidade para elas”.
O projeto
A vice-diretora da escola Honorato Faustino, Patrícia de Andrade Cavazani Furlan, ressalta que o corpo docente resolveu trabalhar, dentro da proposta do Setembro Amarelo, com diversas linguagens artísticas e fazer reflexão e comparação das etapas de produção artística com a própria vida.
De acordo com organizadores do evento, não é sempre que algo dá certo na primeira tentativa. Às vezes, é preciso desmanchar o que já foi feito para que se seja possível prosseguir. É necessário paciência, atenção, persistência, encantamento, entusiasmo, alegria, disciplina, saber enfrentar a frustração de algo que não deu muito certo e reconstruir.
Trabalho interno
Alunos dos primeiros anos apresentaram uma dança com a música “A Lagarta Comilona”. Eles aprenderam muito com a história, de acordo com Patrícia, a qual mostra que para que a borboleta nasça é preciso esperar e viver cada etapa da vida.
Os alunos dos segundos anos confeccionaram flores de feltro, usando linha e agulha. Além de ter sido uma aventura, já que a costura não faz parte da rotina deles, alunos que disseram ter furado o dedo, que não conseguiam colocar linha na agulha, puderam aprender que tudo faz parte de um processo.
A idealizadora do projeto foi a professora Vanete Caldeira e as atividades foram desenvolvidas por essa professora e ainda Letícia Rocha Duarte, Marise Suzuki e Cláudia Moraes. Todos os alunos e professores usaram uma pulseirinha amarela, símbolo do projeto. A Honorato Faustino é dirigida por Adriana Cristina Peixe Frias.