O governo da Escócia publicou nesta segunda-feira (22) um anteprojeto de lei estabelecendo o cronograma e a questão para um novo referendo sobre sua independência do Reino Unido, que é fortemente contestado pelo executivo britânico de Boris Johnson
O governo da Escócia publicou nesta segunda-feira (22) um anteprojeto de lei estabelecendo o cronograma e a questão para um novo referendo sobre sua independência do Reino Unido, que é fortemente contestado pelo executivo britânico de Boris Johnson.
Seis semanas antes das legislativas regionais nas quais os independentistas do Partido Nacionalista Escocês (SNP), que atualmente governam em minoria, esperam arrarar, o ministro para questões constitucionais, Michael Russell, explicou que apresentava o texto para que os eleitores pudessem escolher quem está em melhor posição para liderar a recuperação do país após a pandemia da covid-19.
"O governo escocês acredita que devem ser as pessoas que vivem na Escócia que tenham o direito de decidir como vamos nos recuperar da pandemia e que tipo de país queremos construir depois da crise", disse em um comunicado.
De acordo com o projeto de lei, caberia ao Parlamento escocês decidir a data da votação, à qual Londres se opõe firmemente, mas o executivo local acredita que ela deve ser realizada assim que a crise de saúde passar.
A pergunta feita, "a Escócia deve se tornar um país independente?", permaneceria a mesma de 2014, quando esta nação britânica de 5,5 milhões de habitantes decidiu por 55% permanecer integrada no Reino Unido.
Naquela ocasião, o principal argumento contra a independência era o risco de ficar de fora da União Europeia.
Paradoxalmente, dois anos depois, todo o Reino Unido votou a favor do Brexit e os escoceses, que se opuseram a 62% da saída britânica do bloco, se viram fora contra sua vontade.
Isso, somado à boa gestão da pandemia pela primeira-ministra escocesa Nicola Sturgeon, que contrastava com as políticas caóticas do primeiro-ministro Boris Johnson, deu um apoio renovado ao movimento de independência.
No entanto, nas últimas semanas, Sturgeon mergulhou em um escândalo político que ameaça forçá-la a renunciar e retirar votos do SNP nas eleições regionais de 6 de maio, arruinando seus projetos.
A polêmica gira em torno da maneira como o executivo e a própria Sturgeon lidaram com as acusações de agressão sexual contra seu predecessor e ex-mentor, Alex Salmond, que finalmente foi absolvido pela justiça em 2020.
De acordo com a mídia escocesa, uma comissão parlamentar concluiu na quinta-feira que o primeiro-ministro "enganou" o Parlamento. O relatório oficial é esperado nos próximos dias, mas nesta segunda o resultado de outra investigação deve ser publicado sobre se a líder da independência violou o código de conduta neste assunto.
Perante uma comissão parlamentar em 3 de março, Sturgeon afirmou ter "agido apropriadamente" em "uma das situações políticas e pessoais mais odiosas" de sua carreira, defendendo-se dos pedidos de renúncia.
Defensora dos direitos das mulheres, no contexto do movimento #MeToo a primeira-ministra ordenou em 2018 uma mudança na forma de lidar com as acusações de assédio sexual, alegando ignorar o caso de Salmond na época.
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