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Equador, entre a direita conservadora e a volta de Correa em um 'outro corpo'

O Equador, um país endividado, dividido e atingido pela pandemia, escolherá um novo presidente neste domingo (4) e tudo aponta para um segundo turno entre a direita conservadora e uma esquerda que anseia pela retomada do poder para se vingar da "perseguição" ao seu líder Rafael Correa

AFP
04/02/2021 às 20:22.
Atualizado em 23/03/2022 às 20:12

O Equador, um país endividado, dividido e atingido pela pandemia, escolherá um novo presidente neste domingo (4) e tudo aponta para um segundo turno entre a direita conservadora e uma esquerda que anseia pela retomada do poder para se vingar da "perseguição" ao seu líder Rafael Correa.

Nesta quinta-feira, o pequeno país petrolífero encerra uma curta campanha eleitoral, limitada pelo vírus. São 16 candidatos, mas nenhum tem apoio suficiente, segundo as pesquisas, para vencer no primeiro turno.

No entanto, as preferências nas pesquisas apontam para o ex-banqueiro Guillermo Laso, de 65 anos, e Andrés Arauz, de 35 anos, afilhado político de Correa, o popular ex-presidente que da Bélgica tenta retomar o poder da esquerda nacionalista com um candidato que até recentemente era desconhecido para a maioria da população.

Há também o líder indígena Yaku Pérez, de 51 anos, que detesta igualmente os dois e promete um governo ambientalista averso às empresas de petróleo e mineração.

Caos e crise são palavras que se repetem entre os equatorianos. Sem o apoio popular, o presidente Lenín Moreno desistiu da reeleição, deixando aberta a disputa para seu sucessor.

Correa, que queria ser candidato à vice-presidente, viu sua aspiração ser abalada quando, em última instância, foi condenado a oito anos de prisão por corrupção. Ele foi então substituído na chapa pelo jornalista Carlos Rabascall.

O ex-presidente, entretanto, é onipresente na campanha. O próprio Arauz conta que Correa será assessor de seu governo e que pode haver a revisão de uma série de processos judiciais contra ele.

"Abre-se a possibilidade de Correa retornar ao país com muita facilidade porque cessaria a perseguição política que tentou enterrá-lo", relata à AFP o analista David Chávez, da Universidade Central.

No entanto, considerou que seus apoiadores correm o risco de "cometer um grave erro ao tentar fragilizar ainda mais as instituições do país, forçando processos judiciais, pressionando pessoas ou vingando-se".

Para o cientista político Esteban Nichols, da Universidade Andina Simón Bolívar, uma eventual vitória de Arauz significaria "um retorno à política de amigos e inimigos".

"A lógica política será a de um combate declarado contra os inimigos políticos que nascem na cabeça de Correa", afirmou o professor, que considera que o Equador "está um caos" com "uma política pública bastante desorganizada".

Lasso, candidato pela terceira vez, busca a presidência junto ao médico Alfredo Borrero. Aliado natural do Partido Social Cristão, o mais conservador do país, simboliza o anti-correísmo.

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