INTERNACIONAL

Equador ativa esquadrões 'COVID' para evitar um novo caos mortuário

Sua arma foi deixada na patrulha. Imerso em seu traje de biossegurança, William Yugzi entrou apenas com um celular para tirar fotos de uma cena de crime incomum

AFP
21/08/2020 às 10:36.
Atualizado em 25/03/2022 às 15:56

Sua arma foi deixada na patrulha. Imerso em seu traje de biossegurança, William Yugzi entrou apenas com um celular para tirar fotos de uma cena de crime incomum. O homem que morreu, infectado com coronavírus, permaneceu sentado, com um copo d"água e biscoitos nas mãos.

Em uma casa humilde de Quito, Yugzi, de 38 anos, faz o reconhecimento gráfico da posição do corpo, agora com rigor mortis, e observa se apresenta indícios de violência.

O uniformizado faz parte da "equipe COVID", que compõe com outros dois policiais de criminalística e é mobilizada exclusivamente para os casos de coronavírus fora dos hospitais.

No local, também estão um médico do Ministério da Saúde, um fumigador e várias agências funerárias.

Esses esquadrões entraram em ação para evitar um novo colapso pela pandemia. Quando a emergência em Guayaquil (sudoeste) começou, o sistema de saúde entrou em crise junto com os necrotérios. As casas foram transformadas em morgues devido à lenta e caótica reação das autoridades.

Com uma população de 17,5 milhões de habitantes, a pandemia deixa cerca de 10.000 mortos no Equador em seis meses. Mais de 105.000 pessoas foram infectadas.

A AFP acompanhou o trabalho do esquadrão COVID.

A "equipe COVID" número 1, designada para o caso, chega em uma patrulha com as sirenes desligadas. Antes de entrar na casa do falecido, se vestem com os equipamentos de proteção pessoal.

O primeiro a entrar é o responsável por desinfetar a casa e o cadáver. Depois entra o médico e atrás dele vão os policiais. Somente quando a retirada do corpo é autorizada, entram as agências funerárias. As famílias decidem se vão cremar ou sepultar o corpo.

Desde abril, cerca de 300 pessoas em Quito, entre confirmadas e suspeitas de terem contraído coronavírus, morreram repentinamente em casas, ruas, consultórios médicos particulares e carros quando estavam à caminho do hospital, de acordo com as autoridades.

As mortes por causas naturais dispararam em meio à pandemia. De janeiro a julho, houve 28.200 casos a mais em relação ao mesmo período de 2019, segundo o Registro Civil. Como em outros países, existe a suspeita de um grande sub-registro de óbitos por COVID-19.

Ángel Medina, outro dos criminalistas, coleta as impressões digitais do morto, que são comparadas com as do arquivo oficial para a identificação completa.

Em seguida, Yugzi tira a última foto: o rosto do falecido com a "ETIQUETA DE CADÁVER COVID-19". A ficha do caso "15149", que contém o nome completo e número de identidade da vítima, é amarrada ao pulso da mão direita.

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