Milhares de armênios saíram em passeata neste sábado (24), com velas e flores nas mãos, em Yerevan para recordar o 106º aniversário dos massacres de armênios pelo Império Otomano durante a Primeira Guerra Mundial
Milhares de armênios saíram em passeata neste sábado (24), com velas e flores nas mãos, em Yerevan para recordar o 106º aniversário dos massacres de armênios pelo Império Otomano durante a Primeira Guerra Mundial.
A multidão marchou do centro da capital até o memorial dedicado às vítimas do que a Armênia, cerca de 30 países e uma comunidade de historiadores chamam de genocídio, um termo veementemente rejeitado pela Turquia.
Militares, líderes religiosos, mulheres com filhos e autoridades políticas, incluindo o primeiro-ministro Nikol Pachinian, passaram pelo memorial com vista para Yerevan, como é a tradição na Armênia todo dia 24 de abril, dia do início dos massacres em 1915.
O chefe da Igreja Armênia, Karékine II, celebrou uma missa de réquiem perto do memorial.
Neste sábado, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deve reconhecer os massacres de armênios como genocídio, um gesto que pode agravar as tensões entre Washington e Ancara, membro da Otan.
"Neste 106º aniversário, todos os meus pensamentos estão com a Armênia marcada pela história (...). Nunca esqueceremos", disse o presidente francês, Emmanuel Macron, em uma mensagem ao armênio Armen Sarkissian, divulgada na sexta-feira pela Presidência armênia.
Macron esteve neste sábado no memorial do genocídio armênio em Paris.
Estima-se que entre 1,2 milhão e 1,5 milhão de armênios foram mortos pelo Império Otomano.
Mas Ancara recusa o uso do termo "genocídio" e rejeita qualquer sugestão de extermínio, evocando massacres recíprocos em um cenário de guerra civil e fome que deixou centenas de milhares de mortes em ambos os campos.
A raiva dos armênios contra a Turquia aumentou desde a derrota da Armênia na região separatista de Nagorno-Karabakh contra o Azerbaijão, apoiado pela Turquia.
O primeiro-ministro armênio descreveu o conflito, que eclodiu em setembro e terminou seis semanas depois - após um cessar-fogo assinado sob mediação pela Rússia - como "agressão turco-azerbaijana para apagar o traço armênio" em Karabakh.
"A política externa expansionista da Turquia e suas aspirações territoriais em relação à Armênia são prova do renascimento de sua ideologia genocida", disse Pachinian em um comunicado divulgado na manhã deste sábado.
"A armenofobia é a essência do panturquismo e hoje podemos ver suas manifestações mais nojentas no Azerbaijão", acrescentou.
Armado pela Turquia, o Azerbaijão infligiu uma derrota humilhante à Armênia, que derrotou as forças de Baku em uma primeira guerra na década de 1990.