INTERNACIONAL

Em vários locais dos EUA, dados sugerem que COVID-19 mata mais afro-americanos

O novo coronavírus não é seletivo em relação às pessoas contagiadas, mas dados de algumas áreas dos Estados Unidos sugerem que o COVID-19 tem matado mais os afro-americanos

AFP
07/04/2020 às 18:40.
Atualizado em 31/03/2022 às 03:38

O novo coronavírus não é seletivo em relação às pessoas contagiadas, mas dados de algumas áreas dos Estados Unidos sugerem que o COVID-19 tem matado mais os afro-americanos.

Especialistas dizem que a comunidade é muito mais afetada do que o resto da população por doenças relacionadas à pobreza e geralmente têm dificuldade em acessar testes e cuidados de saúde.

"Sabemos que os negros têm maior probabilidade de ter diabetes e doenças cardíacas ou pulmonares", disse o administrador de saúde pública dos EUA, Jerome Adams, à CBS News nesta terça-feira.

Essas doenças crônicas podem agravar os danos causados pelo COVID-19. Adams, que é afro-americano e tem pressão alta e asma, acrescentou: "Eu represento essa herança de ser pobre e negro nos Estados Unidos". "E eu, como muitos afro-americanos, corro mais riscos com o COVID", enfatizou.

No momento, não há estatísticas nacionais sobre esta doença diferenciadas por raça, mas uma maior incidência de afro-americanos apareceu nos estados ou jurisdições que compartilham essas informações.

Por exemplo, em Chicago, no estado de Illinois (centro-leste), 68% das mortes por coronavírus foram de afro-americanos, que mal representam 30% da população da cidade.

"Esses números tiram o alento", disse a prefeita de Chicago Lori Lightfoot durante uma conferência de imprensa sobre a epidemia. "É um chamado para todos nós agirmos".

A tendência se repete em estados como Carolina do Norte, Louisiana, Michigan, Wisconsin e a capital, Washington.

Georges Benjamin, diretor executivo da Associação Americana de Saúde Pública, disse à AFP que essa realidade também está ligada à classe social, já que os afro-americanos têm maior probabilidade de terem empregos considerados essenciais durante a crise e, portanto, de se expor mais à infecção.

"Essa população trabalha mais com o público", explicou. "Mais motoristas de ônibus, mais pessoas que usam o transporte público para ir ao trabalho, mais pessoas que trabalham em asilos, mais pessoas empregadas em supermercados", exemplificou.

Essa tendência também pode ser uma consequência do preconceito em relação aos negros no sistema de saúde americano.

"Como em qualquer doença ou dor, é menos provável que os afro-americanos tenham seus sintomas considerados nos cuidados de saúde por causa de preconceitos implícitos", segundo Brandon Brown, epidemiologista da Universidade da Califórnia em Riverside.

A afirmação de Brown é apoiada por vários estudos que mostraram que a dor em cidadãos negros é frequentemente menos analisada ou tratada em centros médicos do que a dor branca.

Teme-se ainda que, como historicamente comunidades com pouco acesso à assistência médica, afro-americanos e grupos como os de latinos sejam menos propensos a fazer o teste de coronavírus, que são vitais para o tratamento.

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