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Em quais vacinas apostar diante das variantes da covid-19?

O coronavírus sofre cada vez mais mutações, com o risco de debilitar as vacinas atuais. Para pesquisadores, a principal prioridade é apostar em vacinas que sejam fáceis de adaptar, embora alguns políticos esperem um imunizante que funcione de imediato

AFP
08/03/2021 às 06:22.
Atualizado em 22/03/2022 às 09:31

O coronavírus sofre cada vez mais mutações, com o risco de debilitar as vacinas atuais. Para pesquisadores, a principal prioridade é apostar em vacinas que sejam fáceis de adaptar, embora alguns políticos esperem um imunizante que funcione de imediato.

"Não estou certo de que não tenhamos que repetir uma campanha de vacinação em outubro", adverte à AFP Yves Gaudin, virologista do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) da França.

Há vários meses, começaram a aparecer novas cepas do vírus SARS-CoV-2, causador da covid-19, diferentes das versões contra as quais foram desenvolvidas as primeiras vacinas.

Uma delas, a chamada variante britânica, está desde a semana passada na maioria das novas contaminações na França. É certo que esta cepa parece, em sua forma atual, representar um problema mais no aumento da contagiosidade do que na resistência às vacinas.

Mas diante de outras variantes, especialmente a chamada sul-africana, os estudos iniciais indicam uma eficácia menor das principais vacinas contra o coronavírus disponíveis atualmente.

Então, em que tipo de vacina podemos confiar mais diante dessa situação mutável? Para os pesquisadores consultados pela AFP, o desafio consiste primeiro em adaptar rapidamente os imunizantes já desenvolvidos.

Agora "há formatos que podem se adaptar mais rápida e facilmente", destaca Sylvie Van der Werf, virologista do Instituto Pasteur da França. "Claramente, tratam-se das de RNA mensageiro".

Esta é a tecnologia usada nas vacinas da Pfizer/BioNTech e da Moderna, que injetam diretamente sequências do RNA - que levam as células a produzirem proteínas presentes no coronavírus para acostumam o sistema imunológico a ele.

Estas sequências podem ser sintetizadas muito rapidamente em laboratório.

Ao contrário, as vacinas da AstraZeneca e da Johnson & Johnson utilizam a técnica do "vetor viral". Também integram material genético nas células, mas pegam carona em um vírus pré-existente diferente do coronavírus. Portanto, demoram mais para ser desenvolvidas.

Em pouco mais de um mês, a Moderna lançou testes clínicos de uma nova vacina, enquanto a AstraZeneca advertiu que estes trabalhos levariam seis meses, um prazo curto em comparação com a norma.

Mas "não é certo que haja uma diferença tão grande entre as de RNA mensageiro e as de vetores virais, uma vez que se leve em conta a produção em larga escala", explica à AFP Julian Yang, virologista da Universidade britânica de Leicester.

De fato, as vacinas de RNA mensageiro precisam ser mantidas a temperaturas muito baixas, o que complica as etapas que se seguem à síntese do princípio ativo.

Em qualquer caso, estas duas categorias inovadoras são muito mais rápidas de desenvolver do que as vacinas convencionais, chamadas "inativadas". No entanto, o governo britânico depositam grandes esperanças nestas vacinas para responder ao aparecimento de novas cepas.

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