INTERNACIONAL

Em Qaraqosh, assolada por extremistas com bandeiras pretas, mil cores recebem o papa

Sete anos atrás, Munir Jibrail deixou Qaraqosh quando os extremistas islâmicos plantaram ali sua bandeira preta

AFP
07/03/2021 às 09:11.
Atualizado em 22/03/2022 às 09:32

Sete anos atrás, Munir Jibrail deixou Qaraqosh quando os extremistas islâmicos plantaram ali sua bandeira preta. Hoje, este cristão do norte do Iraque voltou e aguarda o papa todo vestido de branco.

"É maravilhoso ver o papa! Nunca teria imaginado que ele chegaria a Qaraqosh", que foi destruída junto com sua igreja pelo grupo Estado Islâmico (EI), disse à AFP o professor de matemática de 61 anos.

"Talvez isso ajude o país a se reconstruir e, finalmente, nos traga amor e paz", declarou, enquanto todos ao seu redor se animam com a primeira visita de um papa ao Iraque.

O pontífice de 84 anos entrou em Qaraqosh em meio a uma multidão agitando palmeiras e ramos de oliveira. Um símbolo de paz necessário aos moradores, que no verão de 2014 viram chegar as caminhonetes com as bandeiras pretas do EI.

Em poucos dias, quase todos os 55.000 cristãos da cidade partiram. Como Munir Jibrail, a grande maioria foi para o leste, para o Curdistão iraquiano.

Por três anos, perderam sua cidade, onde os extremistas tentaram apagar qualquer vestígio dos cristãos que estiveram ali por séculos.

Em 2016, imediatamente após a libertação, Mounir Jibrail voltou e demorou quatro anos para reconstruir sua casa.

Atualmente, cerca de 26.000 cristãos estão de volta a Qaraqosh e centenas deles estão agora no caminho do papa para a igreja Al Tahira (Imaculada Conceição), renovada e limpa de cima a baixo para a ocasião.

Dentro, entre os sortudos que conseguiram um ingresso para o Angelus deste domingo, há mulheres com trajes tradicionais coloridos, crianças com máscaras carregando rosas e homens em seus ternos dominicais.

Por causa do coronavírus, dois homens de macacão azul mediram a temperatura na entrada.

E se a alegria é tão intensa é porque as lembranças dolorosas não estão longe.

Neste mesmo lugar, os jihadistas impuseram seus castigos atrozes, seu regime brutal e medieval, com mercados de escravos e açoites públicos.

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