Os desfiles virtuais roubaram a cena com duas grandes marcas, Emporio Armani e Prada, na Semana de Moda de Milão, em resposta à crise que atinge o setor por causa da pandemia
Os desfiles virtuais roubaram a cena com duas grandes marcas, Emporio Armani e Prada, na Semana de Moda de Milão, em resposta à crise que atinge o setor por causa da pandemia.
A indústria da moda ampliou sua presença nas mídias digitais através do TikTok, Instagram TV e YouTube, além de criar algumas páginas especializadas, como a lançada pela grife Armani, para apresentar a nova coleção de sua linha Emporio.
Filmado na sede da histórica marca em Milão, o vídeo mostra as modelos, mas também traz atores, cantores, dançarinos, que vestem peças da nova coleção chamada "Construindo Arquitetura".
Ângulos incríveis feitos com o uso de drones, coreografias e efeitos especiais foram usados para apresentar as novas coleções.
Seria essa proposta tão eficaz quanto um desfile?
A marca Prada tentou responder a essa pergunta algumas horas depois, transmitindo um desfile pré-gravado.
"É uma situação estranha, esta é a nossa primeira coleção assinada com Raf Simons e em vez de estarmos com o público (...) estamos sozinhos, nesta sala. Mas a verdade é que nunca tivemos um público tão grande, algo que é novo para mim", comentou Miuccia Prada durante uma conversa ocorrida no final do desfile.
"Durante o confinamento percebi a importância da tecnologia em nossas vidas, antes tendia a ignorá-la", confessou a estilista.
"Mais do que tudo, com o vídeo tentamos mostrar as roupas", explicou.
Trata-se da resposta dos estilistas à crise no setor, principalmente por conta da desaceleração da economia e por não haver um horizonte claro para o retorno à normalidade.
O segundo setor industrial mais importante da Itália também é importante a nível europeu.
"A península produz 41% do faturamento da moda da União Europeia", ressaltou o presidente da Câmara de Moda Italiana, Carlo Capasa, durante a abertura dos desfiles milaneses.
Vítima dos efeitos colaterais da pandemia de covid-19, o mercado italiano perdeu 30% do seu faturamento no primeiro semestre do ano.
E apesar dos sinais de recuperação na China, a incerteza persiste por causa dos novos surtos em muitos países, e do endurecimento das medidas de isolamento, que estão impedindo os pedidos dos varejistas, com um efeito dominó em todo o setor.