O idealizador da aula ao ar livre é Marcelo Teixeira, professor do Ensino Médio
Ladeira abaixo: aluno do 1º ano do Ensino Médio disputam corrida de rolimã (Antonio Trivelin)
Um inquieto e criativo professor lançou a ideia: promover corridas de carrinhos de rolimã com fins pedagógicos, para que seus alunos pudessem aprender e vivenciar conceitos de Física e de Matemática enquanto pilotam suas máquinas ladeira abaixo. No último sábado (27), foi dia de mais um animado Grand Prix na já conhecida ladeira do bairro Dois Córregos, que vira e mexe reúne praticantes da brincadeira nostálgica. O idealizador da aula ao ar livre é Marcelo Teixeira, 49 anos anos de idade, professor de Física do Ensino Médio que dá aulas no Colégio Dom Bosco Assunção. Outros educadores, familiares e amigos dos 60 alunos participantes (todos do 1º ano) também acompanham as disputas. No sábado passado, mais de 100 pessoas foram assistir os "pegas" da quarta edição das corridas-aula, que acontecem numa travessa da avenida Dois Córregos, na altura do número 1.500. Os alunos participam de baterias de velocidade e de regularidade, com carrinhos de quatro rodas ("para evitar capotagem", diz Teixeira) construídos com material de sucata e reciclável. Durante as corridas, é obrigatório o uso de acessórios de segurança como protetor de cotovelo e capacete, entre outros. Detalhe: a largada é dada com um morteiro que é lançado num terreno ao lado. "A partir do que acontece na corrida, eles aprendem conceitos básicos de física como velocidade média, aceleração, força resultante e outros. Na corrida, eles extraem os dados como tempo, inclinação da pista e outras medidas. Depois, eles fazem seus relatórios", explica Teixeira. A pilota Vitória Ferragut, 14 anos de idade, venceu uma das baterias do dia. "Foi uma experiência legal, acho que eu fiz uma boa prova", analisa. "A gente aprende brincando", conta Fernanda Maineti, 15 anos de idade, que foi chefe da equipe #lidecomisso. "Acho legal porque aprendemos, na prática, teorias da física", acrescenta Alice Bellato, 15 anos de idade, engenheira do mesmo time. Além da proposta pedagógica, outra intenção é "integrar, brincar na rua, algo que essa geração não conhece muito, e estar com a família", observa o professor. "Isso é algo que eles levam para a vida", declara Teixeira, ao frisar que, invariavelmente, um ou outro piloto sempre aparece com o joelho esfolado na segunda-feira. A terapeuta ocupacional Rafaela Arrigoni, 32 anos de idade, foi ver o sobrinho João Vitor participar das corridas. "É motivante esse tipo de ação num tempo em que é preciso tirar as crianças da frente do computador e da caça aos pokémons. É uma iniciativa de grande mérito, é bom ver a Educação caminhar nessa linha. Além do mais, retoma uma brincadeira antiga e reúne famílias", analisa.