INTERNACIONAL

Em busca de apoio na Síria, Turquia ameaça a Europa com fluxo de migrantes

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ameaçou neste sábado (29) deixar as portas da Europa abertas aos migrantes, enquanto busca apoio ocidental contra o regime sírio por seus ataques militares

AFP
29/02/2020 às 09:07.
Atualizado em 07/04/2022 às 09:17

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ameaçou neste sábado (29) deixar as portas da Europa abertas aos migrantes, enquanto busca apoio ocidental contra o regime sírio por seus ataques militares.

Na fronteira entre a Turquia e a Grécia, onde milhares de pessoas se reuniram na esperança de entrar na Europa, a situação é tensa, com confrontos entre policiais gregos disparando gás lacrimogêneo e migrantes lançando pedras.

Milhares de migrantes, incluindo afegãos, iraquianos e sírios, passaram a noite na fronteira, reunidos em torno de braseiros improvisados perto do posto de Pazarkule (Kastanies, lado grego), de acordo com correspondentes da AFP.

Diante de cenas que despertam o espectro da grave crise migratória que fez a Europa tremer em 2015, a Grécia e a Bulgária - também vizinha da Turquia - fecharam suas fronteiras.

Erdogan disse que 18.000 pessoas "forçaram" a entrada na sexta-feira, antecipando uma onda de "30.000 pessoas" neste sábado, números que parecem exagerados em comparação com o que os jornalistas da AFP no local testemunharam.

Atenas declarou neste sábado que impediu 4.000 migrantes provenientes da Turquia de entrar na Grécia "ilegalmente".

A Turquia, que em 2016 assinou um pacto com Bruxelas para reduzir o fluxo de migrantes, especialmente para a Grécia, abriu suas fronteiras na sexta-feira para pressionar a Europa e, assim, obter mais apoio na Síria.

Na quinta-feira, Ancara sofreu as mais pesadas baixas desde o início de sua intervenção na Síria em 2016, com 33 soldados mortos em ataques aéreos atribuídos ao regime de Bashar al-Assad, apoiado por Moscou, em Idlib, no noroeste do país. Outro soldado turco foi morto na sexta-feira.

As forças turcas responderam e afirmaram que destruiram hoje uma "instalação de armas químicas".

De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), ao menos 48 soldados sírios e 14 combatentes do Hezbollah, aliado de Damasco, foram mortos nos ataques turcos.

"Teríamos preferido não chegar a isso. Mas, como nos forçaram, pagarão o preço", disse Erdogan.

Enquanto as relações entre Ancara e Moscou se deterioram rapidamente devido à crise em Idlib, Erdogan endureceu o tom em relação ao presidente russo Vladimir Putin, com quem, no entanto, se esforça para cultivar um relacionamento pessoal próximo desde 2016.

Durante uma conversa por telefone na sexta-feira, "eu disse ao sr. Putin: "O que você está fazendo lá (na Síria)? Se você deseja estabelecer uma base, vá em frente, mas saia do nosso caminho. Deixe-nos sozinhos com o regime"", afirmou o presidente turco.

Mais conciliatório, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, afirmou neste sábado que russos e turcos expressaram o desejo de uma "redução das tensões" na Síria durante reuniões entre autoridades dos dois países nos últimos dias.

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