O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ameaçou neste sábado (29) deixar as portas da Europa abertas aos migrantes, enquanto busca apoio ocidental contra o regime sírio por seus ataques militares
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ameaçou neste sábado (29) deixar as portas da Europa abertas aos migrantes, enquanto busca apoio ocidental contra o regime sírio por seus ataques militares.
Na fronteira entre a Turquia e a Grécia, onde milhares de pessoas se reuniram na esperança de entrar na Europa, a situação é tensa, com confrontos entre policiais gregos disparando gás lacrimogêneo e migrantes lançando pedras.
Milhares de migrantes, incluindo afegãos, iraquianos e sírios, passaram a noite na fronteira, reunidos em torno de braseiros improvisados perto do posto de Pazarkule (Kastanies, lado grego), de acordo com correspondentes da AFP.
Diante de cenas que despertam o espectro da grave crise migratória que fez a Europa tremer em 2015, a Grécia e a Bulgária - também vizinha da Turquia - fecharam suas fronteiras.
Erdogan disse que 18.000 pessoas "forçaram" a entrada na sexta-feira, antecipando uma onda de "30.000 pessoas" neste sábado, números que parecem exagerados em comparação com o que os jornalistas da AFP no local testemunharam.
Atenas declarou neste sábado que impediu 4.000 migrantes provenientes da Turquia de entrar na Grécia "ilegalmente".
A Turquia, que em 2016 assinou um pacto com Bruxelas para reduzir o fluxo de migrantes, especialmente para a Grécia, abriu suas fronteiras na sexta-feira para pressionar a Europa e, assim, obter mais apoio na Síria.
Na quinta-feira, Ancara sofreu as mais pesadas baixas desde o início de sua intervenção na Síria em 2016, com 33 soldados mortos em ataques aéreos atribuídos ao regime de Bashar al-Assad, apoiado por Moscou, em Idlib, no noroeste do país. Outro soldado turco foi morto na sexta-feira.
As forças turcas responderam e afirmaram que destruiram hoje uma "instalação de armas químicas".
De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), ao menos 48 soldados sírios e 14 combatentes do Hezbollah, aliado de Damasco, foram mortos nos ataques turcos.
"Teríamos preferido não chegar a isso. Mas, como nos forçaram, pagarão o preço", disse Erdogan.
Enquanto as relações entre Ancara e Moscou se deterioram rapidamente devido à crise em Idlib, Erdogan endureceu o tom em relação ao presidente russo Vladimir Putin, com quem, no entanto, se esforça para cultivar um relacionamento pessoal próximo desde 2016.
Durante uma conversa por telefone na sexta-feira, "eu disse ao sr. Putin: "O que você está fazendo lá (na Síria)? Se você deseja estabelecer uma base, vá em frente, mas saia do nosso caminho. Deixe-nos sozinhos com o regime"", afirmou o presidente turco.
Mais conciliatório, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, afirmou neste sábado que russos e turcos expressaram o desejo de uma "redução das tensões" na Síria durante reuniões entre autoridades dos dois países nos últimos dias.