Em 2010, 'não tínhamos esta experiência', diz o brasileiro Cris, ex-Lyon

Para ex-jogador brasileiro Cris, que esteve em campo com o Lyon nas duas partidas das semifinais da Liga dos Campeões de 2010-2009, faltou experiência à equipe para evitar as duas derrotas (1 a 0 e 0 a 3) e a consequente eliminação para o Bayern de Munique, novamente adversário desta fase do torneio, que será disputada em jogo único em Lisboa (Portugal), nesta quarta-feira (16h00, hora de Brasília).

Pergunta: Cris, você jogou com o Lyon na semifinal da Liga dos Campeões contra o Bayern em 2010. Como vocês encararam esse confronto? Resposta: "A preparação para primeira partida foi difícil porque fomos para Munique de microônibus devido ao vulcão islandês (Eyjafjallajökull) que impossibilitou o voo. A viagem foi muito cansativa, mas na chegada tudo foi bem organizado. Foi uma partida difícil e tensa com muitos duelos, onde perdemos por 1 a 0. O Bayern tinha uma boa equipe e na segunda parte, como de costume, Arjen Robben, com sua jogada que já conhecíamos, conseguiu marcar".

P: Qual foi sua atitude para o jogo de volta?

R: "Tínhamos nossas chances de classificação para a final. Jogamos em casa. Mas nós (o time) tentamos fazer coisas que não estávamos acostumados a fazer, principalmente com o clima festivo antes do jogo, com as pessoas comemorando antes da partida. Sentimos coisas estranhas no aquecimento. O clube criou um ambiente para pressionar o Bayern, mas não estávamos acostumados com esse tipo de ambiente. Claro que era hora de tentar coisas diferentes, simplesmente não funcionou. Sofremos um gol no primeiro tempo e depois do intervalo fui expulso. De repente ficou difícil. A equipe estava desestabilizada. Com onze jogadores, já era difícil com um gol contra, três tinham que ser marcados. Mas com dez ... O segundo tempo foi muito difícil. Tínhamos opções, mesmo diante da boa equipe do Bayern".

P: O Lyon pagou por sua inexperiência com o Bayern?

R: "Foi a primeira semifinal que jogamos na história do clube. Nas eliminatórias anteriores sabíamos como jogá-las. Tínhamos jogado as quartas de final contra o PSV Eindhoven (2005) e o Milan (2006). Tínhamos essa experiência. Mas não nas semifinais, era outra coisa. Nas quartas de final soubemos nos adaptar e administrar o duelo com o Bordeaux, time francês. Depois já havia pressão para disputar uma semifinal, dois jogos para chegar à final. Não tínhamos essa experiência".

P: Esta inexperiência nesta fase da competição pode prejudicar o Lyon novamente na quarta-feira?

R: "O aspecto positivo é que será um jogo sem a presença de público e em campo neutro. Já não existe pressão dos torcedores nos jogos em casa ou fora. Tudo pode acontecer, como foi com o Manchester City. Foi diferente com a Juventus, porque já havia um resultado da ida (1 a 0) para defender. O City é uma das melhores equipes do mundo, mas tudo pode acontecer num só jogo".

P: O que você percebeu deste jogo contra o City?

R: "A atitude dos jogadores na defesa foi muito interessante. Mentalmente os jogadores estavam prontos. Eles eram compactos nos ataques, contra-ataques, nos duelos. Não havia bolas perdidas e todos lutavam ao mesmo tempo. Foi realmente um esforço coletivo. E isso faz a diferença. Hoje você pode ter talento, mas sem a capacidade mental é complicado."

P: Você acha que o Lyon é capaz de repetir a mesma atitude em termos de intensidade, esforço coletivo e mental na quarta-feira?

R: "Isso é algo que varia, mas acho que eles estão bem. Será um jogo diferente. O Bayern pode não jogar da mesma maneira como contra o Barcelona, que estava um pouco desorganizado. O Bayern é uma equipe bem organizada com muitas opções. Os jogadores se conhecem bem. A Juve estava um pouco cansada após o campeonato, o City teve uma final muito difícil mentalmente com o Liverpool. O Lyon soube aproveitar esses momentos enquanto estava mentalmente renovado. Acho que o Lyon trabalhou bem após o confinamento. Contra o Bayern está aberto, é outro jogo. Temos de analisar os pontos fortes e fracos ".

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