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Dinheiro fresco para os consumidores, um método controverso diante da crise do coronavírus

A crise econômica provocada pelo coronavírus trouxe novamente à mesa o debate sobre "dinheiro de helicóptero", um sistema de injeções diretas no bolso dos consumidores para que gastem rapidamente e, desse modo, apoiem a recuperação

AFP
26/03/2020 às 11:06.
Atualizado em 31/03/2022 às 06:21

A crise econômica provocada pelo coronavírus trouxe novamente à mesa o debate sobre "dinheiro de helicóptero", um sistema de injeções diretas no bolso dos consumidores para que gastem rapidamente e, desse modo, apoiem a recuperação.

Alguns estados já estão usando este sistema não convencional para sair da crise. É o caso dos Estados Unidos, que prevê em seu plano de resgate um cheque de 3.000 dólares para as famílias com dois filhos. Ou de Hong Kong, que paga mais de mil euros aos seus habitantes.

O economista americano Milton Friedman, considerado um dos pais do neoliberalismo, criou a expressão "helicopter money" nos anos 1960.

O vencedor do prêmio Nobel de Economia queria evitar o canal usual de transmissão de liquidez entre os bancos centrais, que criam moeda, e os bancos tradicionais.

"Como a política monetária nem sempre é eficaz e a orçamentária tampouco, porque existem muitos intermediários, sua ideia era alimentar diretamente o consumidor dando-lhe uma quantia global ou mensal", disse à AFP Philippe Waechter, chefe economista da Ostrum Asset Management.

Ao comprar bens com esse dinheiro, o consumidor teria teoricamente um efeito mais rápido sobre a economia.

Existem duas maneiras principais. Na primeira, os bancos centrais giram esse dinheiro diretamente para a conta bancária dos consumidores. Na segunda, o Estado entrega o dinheiro aos cidadãos na forma de bônus, por exemplo, ou adotando medidas fiscais.

Então, o Estado se refinancia através do banco central para que seu endividamento não seja agravado pela medida, como prevê a ideia elaborada por Friedman.

Depois da crise financeira de 2008, os bancos centrais intervieram para relançar a economia comprando dívida pública e privada e rebaixando suas taxas de juros para níveis históricos, em alguns casos em bases negativas.

"Exceto pelas pessoas que se aproveitaram dessas taxas baixas para comprar imóveis, o impacto direto e imediato desta política monetária acomodável sobre o consumidor era quase inexistente", aponta Waechter.

Por isso Estados e economistas dizem a si mesmos que talvez seja melhor recorrer ao termo "dinheiro de helicóptero" após a parada brutal da economia devido ao coronavírus, para que a recuperação seja o mais rápida possível.

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