INTERNACIONAL

Dez anos depois da Primavera Árabe, milhares de manifestantes continuam presos

Há 10 anos, milhões de manifestantes sonhavam com uma mudança política nos países árabes, mas em muitos as esperanças viraram frustração e dezenas de milhares deles continuam presos, sobretudo no Egito e na Síria

AFP
07/12/2020 às 08:41.
Atualizado em 24/03/2022 às 03:23

Há 10 anos, milhões de manifestantes sonhavam com uma mudança política nos países árabes, mas em muitos as esperanças viraram frustração e dezenas de milhares deles continuam presos, sobretudo no Egito e na Síria.

No Cairo ou em Damasco, capitais históricas do mundo árabe, o autoritarismo não foi derrotado e os regimes prosseguem com a repressão sistemática contra as vozes dissidentes.

O Egito, governado por Abdel Fattah al Sisi, tem 60.000 "presos políticos", de acordo com organizações de defesa dos direitos humanos. O país de 100 milhões de habitantes é uma "prisão a céu aberto", afirmou em 1028 a ONG Anistia Internacional.

O movimento popular, que derrubou o presidente Hosni Mubarak em 2011, permitiu a libertação de milhares de prisioneiros, principalmente islamitas.

Porém, menos de três anos depois da revolução, o presidente democraticamente eleito Mohamed Morsi, do grupo islamita Irmandade Muçulmana, foi derrubado pelo exército de Abdel Fattah al Sisi após grandes manifestações. Uma repressão violenta provocou mortes e a detenção de milhares de islamitas.

Na Síria, o regime de Bashar al-Assad resistiu e a revolta se tornou uma guerra civil. Dez anos depois, os detidos continuam morrendo nas prisões, onde a tortura é frequente, de acordo com as ONGs.

Damasco usa "a tortura e os desaparecimentos forçados como um meio de subjugar a oposição há décadas", destacou a Anistia em 2017. "Porém, desde 2011, a magnitude e a gravidade das violações do governo sírio contra os detidos aumentaram drasticamente".

Um relatório do "Human Rights Data Analysis Group" (Grupo de Análises de Dados dos Direitos Humanos) indica que 17.723 pessoas morreram nas prisões sírias de dezembro de 2011 até março de 2015, o que representa a média de 300 óbitos por mês.

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que tem uma ampla rede de fontes, calcula que "100.000 pessoas morreram nas prisões" do país desde 2011.

Cairo e Damasco negam as acusações e afirmam que as ONGs são "parciais e recebem dinheiro do exterior".

"Não há prisões arbitrárias, há detenções de acordo com a lei", declarou o ministro egípcio das Relações Exteriores, Sameh Chukry, em novembro.

Em uma era de luta contra os jihadistas, estes governos alegam que estão apenas ajudando a "luta contra o terrorismo".

Mas diversas famílias passam anos procurando seus entes queridos.

Em 2018, a esperança acabou na Síria para centenas delas, quando o governo informou que muitas pessoas estavam mortas há vários anos.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Gazeta de Piracicaba© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por