Dez anos depois do surgimento da Primavera Árabe, a Tunísia prossegue em sua democratização, diferentemente de outros países, que caíram com frequência na repressão, na guerra e no caos
Dez anos depois do surgimento da Primavera Árabe, a Tunísia prossegue em sua democratização, diferentemente de outros países, que caíram com frequência na repressão, na guerra e no caos.
Mas o resultado sangrento destas revoltas populares, em particular na Síria e na Líbia, não impediu que seu principal lema - "O povo quer a queda do regime" - continuasse ressoando, em particular em 2019 em Líbano, Iraque, Argélia e Sudão, onde os chefes de Estado, no poder há décadas, foram depostos.
Em 17 de dezembro de 2010, a autoimolação do vendedor ambulante Mohamed Bouazizi, cansado da miséria e do assédio policial, desencadeia um levante popular. Em 14 de janeiro de 2011, o regime policial de Zine El Abidine Ben Ali cai, após 23 anos no poder.
Em outubro, o movimento islamita Ennahdha consegue mais de 40% dos assentos na Assembleia Constituinte nas primeiras eleições livres do país. Em dezembro, Moncef Marzouki, um militante de esquerda, é eleito presidente pela constituinte.
Em 2014, o país adota uma nova Constituição e organiza eleições legislativas, vencidas pelo partido anti-islamita Nidaa Tounès sobre o Ennahdha. Béji Caïd Essebsi é eleito presidente por sufrágio universal.
Cinco anos depois, em 2019, o Ennahdha se torna o principal grupo no Parlamento, embora com apenas um quarto dos assentos. Um professor universitário aposentado e praticamente desconhecido no cenário político, Kais Saied, é eleito presidente.
Após três atentados sangrentos do grupo Estado Islâmico (EI) em 2015, a situação da segurança melhora, mas outros atentados sacodem o país.
E a jovem democracia tunisiana sofre com a instabilidade política e uma situação socioeconômica difícil.
Em 25 de janeiro de 2011, têm início manifestações gigantescas contra Hosni Mubarak, há quase 30 anos no poder. Em 11 de fevereiro, após 18 dias de revolta e cerca de 850 mortos, Mubarak entrega o poder ao exército.
Em junho de 2012, Mohamed Morsi, candidato da Irmandade Muçulmana, se torna o primeiro islamita a presidir o país. Mas depois de um ano marcado pela crise, ele é deposto pelo exército, comandado por Abdel Fattah al Sisi.
Em meados de agosto de 2013, forças de ordem dispersam violentamente duas manifestações pró-Morsi no Cairo, matando mais de 800 manifestantes. Em sete meses, 1.400 pessoas morrem, a maioria islamitas.
Eleito presidente em 2014 e reeleito em 2018, as ONG acusam frequentemente Sisi de instaurar um regime ultrarrepressivo contra os islamitas, mas também contra os militantes laicos e de esquerda.