INTERNACIONAL

Desinformação sobre o coronavírus propaga o pânico na Ásia

Alertas falsos sobre um homem morto a tiros em um posto de controle pelo coronavírus, uma gravação antiga que informava sobre um tumulto em um supermercado ou um vídeo de 2015 de uma operação policial em um bordel que circulava com afirmações enganosas

AFP
29/05/2020 às 07:05.
Atualizado em 27/03/2022 às 22:15

Alertas falsos sobre um homem morto a tiros em um posto de controle pelo coronavírus, uma gravação antiga que informava sobre um tumulto em um supermercado ou um vídeo de 2015 de uma operação policial em um bordel que circulava com afirmações enganosas.

A avalanche de desinformação na internet e os boatos durante a crise do coronavírus provocam medo e confusão na Ásia, e em todo o mundo, onde os infratores do confinamento enfrentam o risco de prisão e de multas em alguns países.

A AFP checou mais de 150 boatos ou notícias falsas relacionadas ao confinamento na região desde fevereiro, quando os governos, além da China, começaram a impor restrições para conter a propagação da COVID-19.

Os boatos são criados por uma ampla variedade de pessoas com diferentes motivações: desde os que tentam desacreditar os governos e aprofundar as divisões religiosas até os que consideram a situação uma piada. E são compartilhados rapidamente como fatos.

Em abril, um rumor publicado no Facebook nas Filipinas sugeria que um motociclista foi morto a tiros por evitar um posto de controle.

Na verdade, as imagens, que foram assistidas dezenas de milhares de vezes e compartilhadas nas redes sociais, eram de um exercício de treinamento policial.

Alguns usuários ficaram escandalizados e questionaram a suposta brutalidade da polícia no arquipélago, acusada há alguns anos de violar os direitos humanos e de liderar a polêmica guerra contra as drogas do presidente Rodrigo Duterte.

Mas outras pessoas afirmaram que o homem era um "cabeça dura", que teria sido justamente castigado por por ignorar o controle, o tipo sentimento demonstrado pelos simpatizantes de Duterte, que celebram as milhares de mortes provocadas pela guerra contra as drogas.

Nas Filipinas também circulava outra desinformação sobre a prorrogação do confinamento, além de mensagens falsas sobre protestos contra o governo que não respeitavam a proibição de concentrações.

Em outros lugares da Ásia, como a Tailândia, um vídeo que circulou no Facebook mostrava supostamente pessoas em busca de alimentos na Malásia após o decreto de um confinamento rigoroso.

Os usuários tailandeses do Facebook, que assistiram o vídeo centenas de milhares de vezes, compartilharam as imagens com comentários que expressavam a preocupação com cenas similares na Tailândia.

O vídeo, na realidade, mostrava consumidores no Brasil durante a "Black Firday" de novembro 2019, uma data criada nos Estados Unidos e que é organizada em vários países.

"A desinformação provoca muita incerteza e ansiedade na população", afirma Yvonne Chua, professora de Jornalismo na Universidade das Filipinas.

O caos na internet é maior quando os governos divulgam poucas informações, explica Axel Bruns, professor de Jornalismo na Universidade de Tecnologia de Queensland, Austrália.

"Me parece que quanto mais efetiva foi a comunicação dos governos sobre o confinamento e sobre todos os aspectos da resposta ao coronavírus, menos espaço havia para a desinformação", disse Bruns.

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