INTERNACIONAL

Desespero com a pandemia obriga meninas asiáticas a se casar

Milhares de meninas asiáticas estão sendo forçadas a se casar por famílias desesperadas pela pobreza causada pela pandemia do coronavírus, um motivo de alarme para ativistas que alertam que anos de luta contra essa prática estão arruinados

AFP
01/09/2020 às 09:15.
Atualizado em 25/03/2022 às 11:15

Milhares de meninas asiáticas estão sendo forçadas a se casar por famílias desesperadas pela pobreza causada pela pandemia do coronavírus, um motivo de alarme para ativistas que alertam que anos de luta contra essa prática estão arruinados.

O casamento infantil é muito comum em comunidades tradicionais da Ásia, desde o arquipélago da Indonésia até a Índia, Paquistão e Vietnã.

Mas a prática registrava queda, associada com a promoção por instituições de caridade do acesso à educação e serviços de saúde entre as mulheres.

Mas a situação tem piorado devido ao impacto do coronavírus. A pandemia resultou em perdas de empregos e deixou muitos pais sem recursos para alimentar suas famílias.

"Todas as conquistas da última década vão sofrer", afirma Shipra Jha, da ONG Girls Not Brides.

"O casamento infantil está firmemente enraizado na desigualdade de gênero e nas estruturas patriarcais. O que acontece é que se agravou com a covid", acrescenta.

A pobreza, a falta de educação e a insegurança encorajam o casamento infantil mesmo em tempos estáveis, portanto, durante períodos de crise, o problema se agrava, explicam especialistas.

Em todo o mundo, cerca de 12 milhões de meninas se casam a cada ano antes de seu 18º aniversário, de acordo com a ONU.

A organização alerta que, se não forem adotadas medidas urgentes diante do impacto econômico e social do coronavírus, na próxima década acontecerão mais de 13 milhões de casamentos infantis.

Na Ásia, instituições de caridade alertam que o aumento de uniões forçadas já começou.

"Aconteceu um aumento nos casamentos infantis durante este período de confinamento. Há um desemprego desenfreado. As famílias mal conseguem sobreviver e acham que é melhor casar as filhas jovens", explica Rolee Singh, que dirige a campanha "1 Step 2 Stop Child Marriage".

Muskaan, de 15 anos, diz que seus pais, garis na cidade indiana de Varanasi e com outros seis filhos para alimentar, a forçam a se casar com um vizinho de 21 anos.

"Meus pais são pobres, o que eles iam fazer? Lutei o que pude, mas finalmente tive que desistir", explica a adolescente chorando.

A organização Save the Children já alertou que a violência contra as meninas e o risco de casamentos forçados, principalmente entre menores, "podem se tornar uma ameaça ainda maior do que o próprio vírus".

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