INTERNACIONAL

Desemprego por coronavírus ameaça o combate à pobreza na China

Milhões de pessoas perderam seus empregos na China, comprometendo a ambiciosa promessa do governo de erradicar a pobreza extrema até 2020, devido ao forte impacto das medidas com as quais o gigante asiático conseguiu conter o novo coronavírus em seu território

AFP
12/04/2020 às 13:07.
Atualizado em 31/03/2022 às 04:22

Milhões de pessoas perderam seus empregos na China, comprometendo a ambiciosa promessa do governo de erradicar a pobreza extrema até 2020, devido ao forte impacto das medidas com as quais o gigante asiático conseguiu conter o novo coronavírus em seu território.

Depois de decretar, no final de janeiro, um confinamento que paralisou a economia, as autoridades agora tentam reativá-la, mas há complicações e os trabalhadores sofrem as consequências.

Apesar de seus arranha-céus e seu padrão de vida que explodiu em 40 anos, a China continua sendo um país em desenvolvimento. No interior, cerca de 5,5 milhões de chineses ainda vivem abaixo da linha da pobreza extrema, estabelecido pelo governo em 2.300 yuanes (300 euros) por ano.

Mas com uma economia que desacelerou devido à COVID-19, a promessa do Partido Comunista (PCC) de alcançar uma "sociedade de classe média" até o final de 2020 é mais difícil de cumprir.

Num país em que muitos desempregados não recebem qualquer auxílio, um desemprego alto é a obsessão do PCC, porque cria instabilidade social.

Segundo dados oficiais, a China registrou cinco milhões de desempregados adicionais entre dezembro e fevereiro.

Segundo um indicador do grupo de mídia chinês Caixin, as empresas do setor de serviços cortaram sua força de trabalho em março com uma velocidade sem precedentes.

Hu Fangdi, de 23 anos, perdeu o emprego em uma loja do aeroporto. "Não havia clientes durante a epidemia. A empresa nos demitiu", explicou à AFP.

O mesmo aconteceu com Lily Han, de 24 anos, que trabalhou até março no departamento de vendas de uma empresa de tecnologia. Ela enviou mais de 300 currículos sem sucesso e diz que espera encontrar um emprego antes de junho.

Mas não é certo que a situação melhore até lá, pois a economia de muitos países ainda está paralisada por medidas de confinamento contra o vírus e a demanda por produtos chineses entrou em colapso.

O banco Nomura, particularmente pessimista, estima a perda de empregos no campo de exportação na China em 18 milhões, cerca de um terço da força de trabalho do setor.

Uma explosão do desemprego também poderia causar um duro golpe no consumo, um dos motores do crescimento chinês, diz o economista Louis Kuijs, da Oxford Economics.

A falta de liquidez é fortemente sentida nas empresas.

Zhao, empregado de uma empresa de construção de 28 anos, disse à AFP que seu empregador não paga salários desde fevereiro.

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