INTERNACIONAL

Desde o Acordo de Paris, catástrofes climáticas se sucederam no planeta

A Antártica registra temperaturas recorde, as banquisas (gelos marinhos) encolhem, as secas se sucedem, assim como os furacões

AFP
08/12/2020 às 06:30.
Atualizado em 24/03/2022 às 03:51

A Antártica registra temperaturas recorde, as banquisas (gelos marinhos) encolhem, as secas se sucedem, assim como os furacões. Desde a assinatura do Acordo de Paris, em 2015, os efeitos do aquecimento global saltam aos olhos.

"O mundo mudou desde Paris. E não foi para melhor (...) Vemos os efeitos atribuídos às mudanças climáticas provocadas pelo ser humano (...) Enfrentamos os danos", resumiu em entrevista recente Saleemul Huq, diretor do Centro Internacional para as Mudanças Climáticas e o Desenvolvimento, sediado em Bangladesh, um dos países mais ameaçados pelas consequências da elevação da temperatura no planeta.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, foi mais contundente.

"A humanidade está em guerra contra a natureza. É suicida, porque a natureza sempre responde golpe com golpe, e já o faz com muita força e cada vez com mais fúria". A declaração impactante foi dada na apresentação, na semana passada, do relatório anual provisório da Organização Meteorológica Mundial (OMM).

Desde 2015, os anos têm se sucedido como os mais quentes já registrados.

O de 2016 é o recordista, com uma temperatura média 1,2 °C superior à do período pré-industrial (o Acordo de Paris espera limitar aquecimento global a 2 °C e a 1,5 °C, se possível).

E 2020 se situa como um dos três anos mais quentes, apesar de ter sido um ano sob influência do "La Niña", fenômeno meteorológico que tende a esfriar as temperaturas globais.

A Europa viveu em 2019 uma onda de calor intensa. E o aquecimento é notado, inclusive, na Sibéria, onde a cidade de Verjoyansk registrou 38º C em 20 de junho passado.

No começo de fevereiro, cientistas brasileiros registraram 20,75 °C na Península Antártica (o recorde ainda não foi homologado).

As regiões polares sofrem as consequências. Em outubro, a superfície da banquisa do Ártico atingiu seu menor nível já registrado nesta temporada. Sua taxa de crescimento também foi inferior à normal. E vários estudos científicos demonstraram que a camada de gelo da Groenlândia está derretendo em um ritmo sem precedentes, enquanto o gelo do "continente branco" ao redor do Polo Sul também se fragiliza.

Este degelo desencadeia um círculo vicioso: o gelo perde seu poder reflexivo, os raios do sol são mais absorvidos, a água do gelo derretido aquece a banquisa, que derrete ainda mais...

O fenômeno também contribui para a elevação dos mares, cujo nível subiu 15 centímetros no século XX, segundo especialistas climáticos da ONU, que advertem que em 2050 mais de um bilhão de pessoas que vivem em zonas costeiras pouco elevadas poderiam estar ameaçadas.

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