O médico Philippe Vasseur foi hospitalizado e assistido por oxigênio por 13 dias em Paris, devido à COVID-19. Três semanas depois, enquanto tentava reeducar sozinho sua respiração, conta à AFP que os sintomas persistem para "alertar" sobre a necessidade de informar médicos e pacientes.
O médico da unidade médico-judicial do hospital Hotel-Dieu de Paris, onde recebe principalmente vítimas de agressões e estupro, acredita ter sido infectado pelo novo coronavírus no exercício de sua função.
Com 64 anos e um "peso de homem jovem", ele não apresenta - ressalta - nenhum dos fatores considerados favoráveis à doença: "nem obesidade, diabetes, nem hipertensão". Ele se define como "atleta".
Em 13 de março, Vasseur sentiu os sintomas geralmente descritos: tosse seca, resfriado e muito cansaço.
No dia 20, com febre alta de 41,7ºC, sua esposa sugeriu, preocupada, que ele ligasse para o setor de Emergência. Verificou sua frequência respiratória simplesmente colocando a mão no peito: contou entre 20 e 22 respirações por minuto, quando a frequência normal é de 10 a 15.
Essa ação simples e eficaz o convenceu de que ele deveria parar de "negar" o óbvio.
"Até então, me dizia que estava bem. A sensação de estar sem fôlego é um sintoma de gravidade, mas às vezes é difícil mensurar isso, devido à grande fadiga", explica.
O oxímetro, que permite medir a concentração de oxigênio no sangue, também indicou uma queda para 90% (entre 95% e 100% normalmente).
Transportado de ambulância para o hospital Cochin, em Paris, Vasseur foi submetido a exames que revelaram lesões nos pulmões. O teste de PCR nasal confirmou que era positivo para COVID-19.
Ele passou uma noite na Emergência e, no dia seguinte, foi transferido para a unidade de pneumologia, auxiliado com oxigênio e tratado com antibióticos. Após descartarem uma embolia pulmonar no final de março, a febre diminuiu.
"Depois de 13 dias com oxigênio, tudo estava bem e eu pude ir embora", em 4 de abril.
Naquele momento, a França registrava 5.500 mortes pelo novo coronavírus (em comparação com quase 22.000 hoje) e quase 7.000 pacientes em reanimação.
"Assim que saí do meu leito, ele já estava ocupado novamente", lembra ele.
Já em casa, a tosse persistiu por seis, ou sete dias, além de dores no peito e "calafrios e tremores".
Três semanas depois, Vasseur lista os sintomas prevalecentes.