INTERNACIONAL

Delegação da África Ocidental chega ao Mali após golpe

Uma delegação de países da África Ocidental chegou a Bamako neste sábado(22) para tentar pressionar por um rápido retorno ao governo civil, quatro dias após o golpe militar que depôs o presidente Ibrahim Boubacar Keita

AFP
22/08/2020 às 13:48.
Atualizado em 25/03/2022 às 15:51

Uma delegação de países da África Ocidental chegou a Bamako neste sábado(22) para tentar pressionar por um rápido retorno ao governo civil, quatro dias após o golpe militar que depôs o presidente Ibrahim Boubacar Keita.

A missão da Comunidade Econômica da África Ocidental (Cedeao), liderada pelo mediador na crise do Mali, o ex-presidente nigeriano Goodluck Jonathan, chegou a Bamako durante a tarde para se reunir com os membros da Junta Militar que tomou o poder e com Keita, que está preso após ser obrigado a renunciar.

No aeroporto, ela foi recebida pelo coronel Malick Diaw, número dois do Comitê Nacional para a Salvação do Povo (CNSP), órgão criado pelos militares para comandar o país, e pelo porta-voz da junta, Ismaël Wagué, confirmaram correspondentes da AFP.

As negociações levariam a "algo bom para o país, bom para a Cedeao e bom para a comunidade internacional", disse Jonathan, mediador da crise no Mali.

A delegação iniciaria a visita com encontros informativos "com representantes da União Africana e da Missão das Nações Unidas para o Mali (MINUSMA), em seguida se reuniria com embaixadores dos países da Cedeao em Bamako", de acordo com o programa obtido pela AFP.

À noite, os enviados visitariam o campo militar de Kati, nos arredores de Bamako, onde Keita está detido com uma dezena de altos líderes civis e militares, incluindo o primeiro-ministro Boubou Cissé, presidente da Assembleia Nacional, Moussa Timbiné, e o Chefe do Estado-Maior do Exército, General Abdoulaye Coulibaly.

A delegação da Cedeao se reunirá na manhã de domingo com os embaixadores dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas (França, Estados Unidos, Rússia, Grã-Bretanha e China).

Os países vizinhos do Mali, reunidos em uma cúpula extraordinária, exigiram na quinta-feira a "reintegração" do presidente e decidiram enviar uma delegação a Bamako para apoiar um "retorno imediato à ordem constitucional".

Os militares no poder, que prometeram uma "transição política", foram saudados na sexta-feira no centro de Bamako por milhares de partidários da oposição, que há meses exigiam a saída do chefe de estado.

"Não há golpe, não há Junta, há apenas malineses que assumem suas responsabilidades", disse Mohamed Aly Bathily, um dos líderes da coalizão do Movimento 5 de Junho (M5-RFP).

Na manhã de sábado, várias dezenas de apoiadores de Keita tentaram se manifestar em Bamako, mas foram dispersados pela polícia.

"Estamos aqui esta manhã para mostrar que não concordamos com o golpe. Mas pessoas vieram nos atacar com pedras, e então as forças da ordem aproveitaram a agressão para dispersar nossos militantes", disse à AFP Abdoul Niang, militante da Convergência das Forças Republicanas (CFR).

Keita, eleito em 2013 e reeleito em 2018 por cinco anos, enfrenta um protesto sem precedentes desde o golpe de 2012 há meses.

Assim como a ONU, a União Europeia (UE) pediu na quarta-feira a libertação imediata dos prisioneiros e "um retorno ao Estado de Direito". Os Estados Unidos suspenderam a ajuda militar ao Mali na sexta-feira.

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