A comunidade gay da Hungria lamentou, nesta segunda-feira (5), ter sido o "bode expiatório" do primeiro-ministro Viktor Orban, por ocasião do lançamento de um livro infantil que valoriza a homossexualidade
A comunidade gay da Hungria lamentou, nesta segunda-feira (5), ter sido o "bode expiatório" do primeiro-ministro Viktor Orban, por ocasião do lançamento de um livro infantil que valoriza a homossexualidade.
"A Hungria tem leis sobre a homossexualidade que são baseadas em uma perspectiva excepcionalmente tolerante e paciente", declarou Orban, em entrevista a uma rádio pública no domingo (4).
"Mas há uma linha vermelha que não deve ser cruzada", continuou Orban, falando de um "ato de provocação".
"Para resumir minha opinião: deixem nossos filhos em paz", completou.
O líder foi questionado sobre um livro de contos e lendas publicado recentemente por uma associação da comunidade LGTBQI. Nele, algumas histórias foram transformadas, como a da Cinderela que vira uma garota lésbica, ou a de uma matadora de dragões transgênero.
"Agora que o medo dos migrantes, ou da pandemia, não é suficiente para mobilizar os eleitores, é a comunidade LGTBQI que o poder designa como bode expiatório", lamentou Tamas Dombos, membro do conselho de diretores da Hatter Society, principal associação gay na Hungria.
"A mídia pública costuma se referir à homossexualidade como uma doença. Os funcionários do governo nunca condenaram os ataques contra LGTBQI, e a polícia não propõe proteção adequada", denunciou Dombos à AFP.
De volta ao poder em 2010, o primeiro-ministro húngaro estabeleceu uma era conservadora no país, que até então seguia uma tendência bastante progressista: a homossexualidade foi descriminalizada no início dos anos 1960, e a união civil entre pessoas do mesmo sexo foi reconhecida em 1996.
Em 2018, Orban prometeu dar início a uma "nova era" cultural para defender os valores cristãos e tradicionais.
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