Dia Mundial da Água

Data marca também 30 anos de criação do Comitê das Bacias PCJ

O Dia Mundial da Água, comemorado hoje, 22 de março, instituído pela ONU em 1993, marca também o mesmo tempo de criação do Comitê PCJ

Romualdo Cruz Filho
22/03/2023 às 06:00.
Atualizado em 22/03/2023 às 06:00
Rio Piracicaba, principal símbolo da cidade que leva o seu nome (Mateus Medeiros/Gazeta de Piracicaba)

Rio Piracicaba, principal símbolo da cidade que leva o seu nome (Mateus Medeiros/Gazeta de Piracicaba)

O O Dia Mundial da Água, instituído pela Organização Mundial da Saúde (ONU), em 1993, comemorado hoje (22), completa exatos 30 anos. É o mesmo tempo da criação do Comitê PCJ - envolvendo os rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, que deu origem ao sistema de cobrança pelo uso da água, o que trouxe uma verdadeira revolução no setor, permitindo ações estruturadas para tratamento e monitoramento dos mananciais.

Sergio Razera, diretor presidente da Agência das Bacias PCJ, explica que foram três décadas de muito trabalho e evolução. "Tanto é que hoje temos monitoramento online de cada manancial e estamos trabalhando com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) para o monitoramento da qualidade da água também virtualmente".

De acordo com o diretor, o grande problema do momento é não haver um padrão para avaliar as mudanças extremadas do clima, que permita um trabalho preventivo mais ágil dos gestores públicos. "A mudança do regime de chuvas se dá de forma brusca e pega todo mundo de surpresa. Vivemos muitas incertezas sobre o que pode ocorrer logo na próxima estação de chuvas", observa.

Razera usa como exemplo o ano de 2011, quando o sistema Cantareira havia atingido 80% de sua capacidade de armazenamento. "Dois anos após entrarmos em um período de escassez que culminou na crise hídrica grave de 2014", relembra. "Tudo isso são decorrências das mudanças climáticas, que um ano nos leva à La Niña, no seguinte, ao El Niño, mas sobre os quais só nos damos conta praticamente quando já está acontecendo. Um ciclo que só piora".

A solução, para o momento, entende Razera, é manter uma postura preventiva permanente, seja plantando árvores no pé dos morros e matas ciliares, para que contenham a umidade por mais tempo e possam garantir reserva extra de água, bem como construir reservatórios, para aproveitamento melhor as águas das chuvas. Além de ações como monitoramento, combate ao desperdício, tratamento de esgosto e dos mananciais, sendo que esses dois últimos itens têm consumido quase 90% dos recursos dos Comitês CCJ.

O momento deveria ser de relativa tranquilidade no que diz respeito ao armazenamento de água, uma vez que o Cantareira beira os 80% de sua capacidade de água armazenada, em decorrência do verão chuvoso, como em 2011, mas o histórico do setor, enfatiza Razera, não dá margem para descuidos e a atenção precisa ser redobrada.

Quanto à vazão do Rio Piracicaba, Razera disse que a outorga de 2004 deu ao rio cinco metros cúbicos por segundo, a ser administrado conforme a necessidade. Já a outorga de 2017, que foi a segunda renovação com o Sistema Cantareira, a vazão ganhou um adicional de 10 metros cúbicos por segundo, volume considerado pela câmara técnica de monitoramento hidrológico e pelo diretor dos Comitês PCJ o suficiente para os momentos de maior estiagem. 

Em breve, o tema em debate será a nova barragem do rio Corumbataí, cujo projeto executivo está quase pronto. "Mais 30 dias e o projeto se tornará público. Tanto é que o prefeito de Piracicaba, Luciano Almeida, esteve com Samanta Souza, subsecretária de recurso hídricos do governo estadual e com Mara Ramos, superintendente do Daee, para tratar do assunto. A obra será fruto de uma pareceria público-privada (PPP). Antes, porém, começam os debates para a obtenção do licenciamento ambiental. Se tudo correr bem, serão mais dois anos de trabalho. Prevemos, portanto, a obra propriamente dita para 2025", concluiu.

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