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Criadores de vison da Dinamarca: arrasados com desaparecimento do setor por covid-19

Alguns tiveram de matar seus animais, outros resistem antes de ter de sacrificá-los. Os criadores de vison da Dinamarca vivem horas sombrias, após a polêmica ordem de eliminar milhões destoe mamíferos, devido a uma mutação do coronavírus

AFP
20/11/2020 às 15:29.
Atualizado em 24/03/2022 às 01:59

Alguns tiveram de matar seus animais, outros resistem antes de ter de sacrificá-los. Os criadores de vison da Dinamarca vivem horas sombrias, após a polêmica ordem de eliminar milhões destoe mamíferos, devido a uma mutação do coronavírus.

No sábado, vários criadores descontentes, e seus apoiadores, planejam fazer uma demonstração com seus tratores nas duas maiores cidades do país, Copenhague e Aarhus.

"Estamos em estado de choque", disse Marianne Nørgaard Sørensen. "Palavras não podem descrever o pesadelo que estamos sofrendo", disse a mulher à AFP.

Casada com um criador de visons desde 1993, esta professora de 46 anos mora na Jutlândia do Norte, a parte norte do país com o maior número de incubatórios. Seus 27.000 animais foram sacrificados com urgência, no início de novembro.

"Escrevemos à autoridade veterinária para pedir o prazo de dois dias, mas eles vieram imediatamente (...) Foi muito difícil, o vídeo do abate apareceu online, poderiam ter feito de forma humana", lamenta.

A Dinamarca é a rainha dos visons há décadas, um setor que surgiu entre os agricultores na década de 1930 para lidar com a queda dos preços dos alimentos.

Com três vezes mais visons do que habitantes, o pequeno reino nórdico é o maior exportador mundial do setor, com um total de 670 milhões de euros por ano, e segundo produtor atrás da China.

Este animal apreciado pelo setor de luxo apresenta problemas na luta contra o covid-19: não só pode contrair a doença, como também reinfectar humanos.

No início de novembro, o governo dinamarquês ordenou, em tom alarmista, o sacrtifício de todos os visons do país, de 15 a 17 milhões de animais. O motivo: uma mutação do novo coronavírus que pode potencialmente ameaçar a eficácia de uma nova vacina humana, embora ainda haja grande incerteza.

O executivo acabara de saber que essa cepa, chamada de "Cluster 5", havia sido detectada em 12 pessoas em agosto e setembro na Jutlândia do Norte, para a qual decretou estritas restrições locais ao movimento de pessoas. Desde então, não houve novos casos.

Na quinta-feira, as restrições foram finalmente suspensas e as autoridades consideram que a cepa "muito provavelmente foi extinta".

Em Copenhague, o caso se transformou em decepção política: o governo teve que reconhecer que não tinha base legal para ordenar o abate de animais saudáveis, o que levou à renúncia do ministro da Agricultura na quarta-feira e sérias críticas na opinião pública.

Mas o abate geral continua sendo uma medida "inegociável", devido a outras possíveis mutações, de acordo com a primeira-ministra Mette Frederiksen, que planeja aprovar um texto no Parlamento que proíbe os incubatórios até 1º de janeiro de 2022.

Apesar disso, em outro local de Jutlândia, Erik Vammen mantém seus animais vivos.

"À noite, quando vejo o farol de um veículo que se aproxima, fico com medo", diz esse homem de 60 anos, que herdou um criadouro do pai e do avô.

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