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Coronavírus pode provocar recessão pior que a Grande Depressão

Em poucas semanas, o coronavírus e o confinamento de bilhões de pessoas abalaram a economia mundial, a ponto de alguns economistas preverem a recessão mais violenta da história moderna, talvez pior que a Grande Depressão da década de 1930

AFP
26/03/2020 às 11:06.
Atualizado em 31/03/2022 às 06:21

Em poucas semanas, o coronavírus e o confinamento de bilhões de pessoas abalaram a economia mundial, a ponto de alguns economistas preverem a recessão mais violenta da história moderna, talvez pior que a Grande Depressão da década de 1930.

Esta também será acompanhada por uma disparada do desemprego. Seu escopo dependerá das medidas tomadas pelos governos, bancos centrais e instituições internacionais e da duração da crise da saúde.

"As economias do G20 sofrerão um golpe sem precedentes na primeira parte do ano e se contrairão em 2020 antes de voltar a se recuperar em 2021", preveem os economistas da agência de classificação Moody"s.

O secretário-geral da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Ángel Gurría, estimou na BBC que a economia mundial sofrerá "por anos".

A crise atual provavelmente será mais grave que a de 2008, pois, dessa vez, afeta não apenas o sistema financeiro, mas toda a economia, com um colapso na produção e, portanto, na oferta e também na demanda, devido às bilhões de pessoas confinadas.

O transporte, o turismo e a distribuição são particularmente afetadas, embora alguns setores estejam melhorando: produtos farmacêuticos, indústria de equipamentos médicos e produtos sanitário, alimentos e comércio on-line.

Segundo a Moody"s, os países do G20 devem sofrer coletivamente uma contração de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano. Nos Estados Unidos, será de -2% e na zona do euro, de -2,2%. A expectativa é que a China cresça 3,3%, uma taxa muito fraca para esse país, acrescenta a agência.

Para os Estados Unidos, o Goldman Sachs prevê um ano de 2020 a -3,8% e o Deutsche Bank aposta na pior contração da economia americana desde "pelo menos a Segunda Guerra Mundial".

Na Europa, o ministro da Economia alemão falou de uma recessão de "pelo menos" 5% em 2020 na Alemanha e na França, a Moody"s prevê -1,4%, enquanto Nuno Fernandes, professor da escola de negócios IESE, aposta em -2% em 2020, com base em um cenário em que a crise da saúde termina em junho.

Para o Reino Unido, a KPMG projeta uma queda ligeiramente mais severa de 2,6%, mas que pode dobrar se a pandemia durar até o final do verão.

Na zona do euro, com regulamentações trabalhistas mais protetoras, o gabinete Capital Economics espera que o desemprego suba para 12% no final de junho, "revertendo assim sete anos de progressos", embora na segunda metade do ano haja uma recuperação.

No Reino Unido e nos Estados Unidos, essas taxas estão atualmente em níveis historicamente baixos, graças ao aumento da "uberização", ou empregos precários.

Nos Estados Unidos, onde os funcionários podem ser demitidos facilmente, os economistas preveem um aumento dramático no número de desempregados. Algo confirmado nesta quinta-feira: Quase 3,3 milhões de pessoas solicitaram seguro-desemprego durante a semana que terminou em 21 de março, um aumento de mais de três milhões na comparação com a semana anterior, quando 282.000 novos pedidos foram apresentados.

O maior número anterior de pedidos semanais do subsídio por desemprego era de 695.000 em outubro de 1982.

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