INTERNACIONAL

'Contrato social está rompido', diz BID sobre desigualdade na AL

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) advertiu, nesta sexta-feira (11), sobre a desigualdade na América Latina, afirmando que o contrato social está rompido na região e que a crise da covid-19 tem características "regressivas" que afetam os pobres de forma desproporcional

AFP
11/09/2020 às 08:46.
Atualizado em 25/03/2022 às 02:12

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) advertiu, nesta sexta-feira (11), sobre a desigualdade na América Latina, afirmando que o contrato social está rompido na região e que a crise da covid-19 tem características "regressivas" que afetam os pobres de forma desproporcional.

O informe "A Crise da Desigualdade: América Latina e Caribe na Encruzilhada" (em tradução livre para o português) destaca que, historicamente, a região teve problemas para enfrentar as crises.

Como exemplo, em outros eventos desta natureza no passado, quando o Produto Interno Bruto (PIB) se contraiu 5%, o impacto sobre os salários reais foi de 10% em média e, em alguns casos extremos, de 20%.

Segundo o FMI, em 2020, a região sofrerá uma contração de 9,4% do PIB. O Banco Mundial calcula que, este ano, 25 milhões de empregos serão perdidos.

O Banco Interamericano destacou que a crise da covid-19 "tem algumas características que a tornam especialmente regressiva", já que "afetou desproporcionalmente os lares de baixa renda" e aqueles que dependem da "proximidade humana".

"Vemos como o contrato social está rompido em muitos níveis", advertiu o economista-chefe do BID, Eric Parrado, ressaltando que a desigualdade na América Latina e Caribe "é bem conhecida, mas não necessariamente bem entendida".

O Banco destacou que a região da América Latina e Caribe entrou nesta crise com três poblemas estruturais severos: alta informalidade, desigualdade e baixa produtividade.

Em 2018, a região tinha níveis de desigualdade superados apenas pela África ao sul do Saara.

Em um contexto de vulnerabilidade, os pobres estão mais expostos à mudança climática e recebem uma pior educação e atendimento de saúde, disse o Banco.

"Como resultado, nossas escolas e cidades estão segregadas por rendas em níveis que não se veem em outras partes", alertou a instituição.

O BID destacou que a região avançou na redução das disparidades de renda, especialmente durante o boom das matérias-primas entre 2000 e 2013. Nesse período, houve uma redução da pobreza de 42,3% em média em 2002 para 23,1% em 2018. Essa mudança levou milhões de pessoas à classe média.

Este avanço também permitiu reduzir o abismo entre ricos e pobres. Em 2019, 10% dos mais ricos da região ganhavam 22 vezes mais do que os 10% mais pobres. Em 2000, a proporção era de 49 vezes mais.

Um dos pontos de destaque no relatório é a segregação por status socioeconômico - com Brasil como exemplo.

Gênero e raça também determinam a desigualdade.

As mulheres ganham 87 centavos por cada dólar que um homem recebe. E, na comparação dos salários dos cidadãos afro-descendentes, ajustando-os ao nível educacional, eles recebem salários 17% mais baixos do que o restante da população e, no caso dos indígenas, chega-se a 27%.

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