Concult enxuto

Conselho pode perder representatividade artística

Mudança significa predomínio de instituições patronais e de entidades subvencionadas pelo município

Romualdo Cruz Filho
10/06/2022 às 06:56.
Atualizado em 10/06/2022 às 06:57
Vereadores votam hoje projeto que reduz pela metade representação no Concult (Fabrice Desmonts)

Vereadores votam hoje projeto que reduz pela metade representação no Concult (Fabrice Desmonts)

Para dar celeridade às decisões referentes a projetos da Secretaria de Cultura (Semac) e esvaziar a pressão política do setor, o governo municipal apresentou um projeto (PL 63/22) que reduz drasticamente a representatividade do Conselho Municipal de Política Cultural (Concult), passando de 24 membros para 12. 

O texto muda quase integralmente a formação da parte do colegiado indicada pela sociedade. Substitui os atuais membros vinculados a diferentes expressões culturais por integrantes do Sistema S. A proposta foi apreciada na sessão camarária de ontem (9).

A sociedade civil, que é representada por pessoas ligadas a cada setor cultural (artes visuais e audiovisuais, artes cênicas, música, livro e literatura, tradições e culturas populares, e mais uma de instituições da sociedade civil), terá agora apenas representantes do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), Serviço Social do Comércio (Sesc), Serviço Social da Indústria (Sesi), Associação Cultural e Teatral Guarantã, Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba (IHGP) e do Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico e Cultural de Piracicaba (Codepac).

Isso significa predomínio de instituições patronais e de entidades subvencionadas pelo município. Se o projeto de lei enviado pelo prefeito for aprovado como está, o Comcult passará a ter 12 membros titulares. Do Poder Público, serão seis representantes: dois indicados pela Secretaria Municipal da Ação Cultural, um pela de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo, uma pela de Educação, um pela de Esportes, Lazer e Atividades Motoras, e um pela Câmara Municipal.

Ao defender a mudança, Almeida afirma: "modificar a composição do Conselho Municipal de Política Cultural para que seus membros sejam indicados por instituições idôneas que representam a sociedade civil e que de algum modo contribuem para o fomento das atividades culturais da cidade de Piracicaba, prestando relevantes serviços em prol da cultura".

A propositura vai para votação com dois pareceres contrários: um da Comissão de Educação, Esportes Cultura, Ciência e Tecnologia e outro, em separado, do vereador Pedro Kawai (PSDB), que é o presidente da Comissão de Obras, Serviços Públicos e Atividades Privadas.

"Qualquer alteração que alije os artistas e os fazedores de cultura do conselho que, em primeira instância, é órgão de representação dos próprios artistas e fazedores de cultura, é mais do que um acinte à democracia e à participação popular; é uma tentativa de excluir a classe artística, retirando dela uma participação que lhe é de direito", afirmam os vereadores da Comissão de Educação.

Já Kawai informa que a Comissão de Obras, Serviços Públicos e Atividades Privadas buscou a manifestação do Comcult sobre o projeto, mas ela não foi possível "tendo em vista que este se encontra com atividades suspensas por ato do secretário municipal da Ação Cultural. O conselho foi desativado pelo próprio Executivo municipal, autor do projeto, e, como foram constatadas irregularidades na eleição, entende que uma nova deveria ser convocada e somente após a formação de um novo conselho, democrática e regularmente eleito, o projeto em questão deveria ter sido proposto a esta Câmara", conclui Kawai.

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