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Congresso da Guatemala busca saída para crise que põe presidente em xeque

O Congresso da Guatemala tentava nesta quarta-feira (25) encerrar uma crise que ameaça a presidência do conservador Alejandro Giammattei, com apenas 10 meses no cargo, enquanto voltaram as convocações exigindo sua renúncia

AFP
25/11/2020 às 22:07.
Atualizado em 24/03/2022 às 02:28

O Congresso da Guatemala tentava nesta quarta-feira (25) encerrar uma crise que ameaça a presidência do conservador Alejandro Giammattei, com apenas 10 meses no cargo, enquanto voltaram as convocações exigindo sua renúncia.

Após intensas manifestações, que incluíram o incêndio de alguns escritórios na sede do Parlamento, o governo decidiu reformular um orçamento polêmico para 2021, criticado por não priorizar o combate à pobreza, em um país com mais da metade de seus 17 milhões de habitantes nesta condição.

Embora os protestos tenham arrefecido, um grupo da universidade estatal e de outras privadas protestaram nos arredores do Centro Cultural da capital para exigir a renúncia dos deputados e insistir na saída do presidente. Convocações para manifestações no fim de semana foram iniciadas.

Segundo Mario Polanco, diretor do humanitário Grupo de Apoio Mútuo, o descontentamento com o governante "continua latente porque o desprestígio aumenta, independentemente de haver ou não manifestações".

Polanco disse à AFP que os primeiros sinais de um mau governo foram a corrupção na gestão da pandemia do novo coronavírus e o endividamento de mais de 3 bilhões de dólares para enfrentar a crise sanitária.

O direitista Giammattei assumiu o cargo em janeiro deste ano para um mandato de quatro anos. No fim de semana, organizações universitárias, humanitárias e ONGs de fiscalização convocaram protestos para pedir a saída do chefe de Estado.

Entre elas estão os movimentos Guatemala Imortal e Associação Primeiro Guatemala, grupos que surgiram em 2015, quando ocorreu a renúncia do então presidente, Otto Pérez, por envolvimento em um caso de corrupção.

Sem sede oficial para se reunir devido ao incêndio, o Parlamento unicameral, de maioria governista, se transferiu temporariamente para o Centro Cultural Miguel Ángel Asturias, na capital, informou o presidente do Legislativo, o governista Allan Rodríguez.

Após uma reunião com os líderes de bancadas aliadas, mas sem a oposição, decidiram anular a lei que deu vida ao orçamento mais elevado da história do país, de cerca de 12,8 bilhões de dólares.

Agora, esperam uma nova proposta do Executivo, que na véspera iniciou um diálogo com diferentes setores para modificar o orçamento original.

Mas o tempo urge. A lei estabelece que o novo orçamento deve estar pronto no fim do mês. Se isto não ocorrer, entrará em vigor aquele aprovado para 2020, de 10,39 bilhões de dólares. Neste último, a lei permite fazer reformas.

No entanto, para a oposição, quem deve anular o projeto é o próprio presidente porque assim determina a Constituição.

"Se é verdade que queremos corrigir o rumo, porque este foi um grave erro, agora o caminho correto é que respeitemos o que está na Constituição, que seja enviado ao Executivo e seja vetado pelo presidente", afirmou o deputado Walter Félix, líder do bloco da Unidade Revolucionária Nacional Guatemalteca, ex-guerrilha de esquerda.

"Continuemos com o que a lei prevê e que não cumprimos, que não é mais do que transferi-lo para que seja o presidente a vetá-lo", insistiu o congressista do bloco Winaq, Edgar Batres.

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