INTERNACIONAL

Confrontos marcam protestos contra lei de segurança na França

Mais de 130 mil pessoas foram às ruas neste sábado (28) em toda a França para protestar contra um controverso projeto de lei de segurança, considerado uma mordaça por seus críticos, em atos marcados por confrontos entre manifestantes e policiais em Paris

AFP
28/11/2020 às 17:18.
Atualizado em 24/03/2022 às 02:44

Mais de 130 mil pessoas foram às ruas neste sábado (28) em toda a França para protestar contra um controverso projeto de lei de segurança, considerado uma mordaça por seus críticos, em atos marcados por confrontos entre manifestantes e policiais em Paris.

A maioria das manifestações contra o texto - que restringiria o direito de filmar a polícia - transcorreu em calma, mas em Paris, onde pelo menos 46.000 pessoas foram às ruas, segundo cifras do Ministério do Interior, estouraram confrontos violentos ao cair da noite.

Grupos de manifestantes vestidos de preto atearam fogo à entrada do Banco da França e a um restaurante vizinho, viraram e incendiaram vários veículos e atiraram pedras contra a polícia, que respondeu com bombas de gás lacrimogênio e jatos d"água, constataram jornalistas da AFP.

O ministro do Interior, Gérald Darmanin, condenou no Twitter as "violências inaceitáveis contra as forças de ordem". O ministro destacou que 37 policiais ficaram feridos nos confrontos em que houve ao menos 46 detenções.

No centro dos protestos estão três artigos do projeto de lei de Segurança Global, que recebeu luz verde da Assembleia Nacional na semana passada, e que trata da difusão da imagem da polícia, o uso de drones, bem como imagens das forças de ordem, captadas por cidadãos com seus telefones celulares.

"As liberdades fundamentais e básicas da nossa democracia estão sendo atacadas: a liberdade de expressão e informação", avaliou Sophie Misiraca, advogada de 46 anos, que foi protestar na capital.

"Este projeto de lei pretende restringir a liberdade de imprensa, a liberdade de informar e de ser informado, a liberdade de expressão, enfim, as liberdades públicas fundamentais da nossa República", avaliam os coordenadores que convocaram os protestos.

O artigo 24 - o que mais chamou atenção - pune com um ano de prisão e multa de até 45.000 euros (54.000 dólares) a divulgação "mal-intencionada" de imagens das forças de segurança.

O governo alega que o dispositivo pretende proteger a polícia de mensagens de ódio e pedidos de morte nas redes sociais, com revelações sobre detalhes de sua vida privada.

Mas os críticos afirmam que muitos casos de violência policial ficariam impunes se não fossem gravados pelas câmeras dos jornalistas ou pelos telefones dos cidadãos.

Também alegam que é uma medida inútil, pois o arsenal jurídico atual é suficiente para reprimir os delitos e o direito francês "pune os atos, não as intenções".

Dois casos de violência policial esta semana atiçaram o debate e transformaram uma decisão política em uma autêntica crise para o governo do presidente Emmanuel Macron.

Na segunda-feira, durante uma ação de organizações pró-imigrantes, a polícia desalojou com violência um acampamento improvisado em uma praça do centro de Paris, ao mesmo tempo que perseguiram jornalistas que estavam com câmeras e smartphones.

Na quinta-feira, câmeras de segurança registraram o espancamento de um produtor musical negro por três policiais.

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