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Conflitos em Portland refletem história de progressismo e racismo

Para Portland, conflitos sociais e tumultos nas rua não são novidade. Essa cidade do estado do Oregon tem uma longa história de ativismo operário e de desafio à autoridade, mas também um sombrio passado segregacionista

AFP
26/07/2020 às 14:38.
Atualizado em 25/03/2022 às 18:15

Para Portland, conflitos sociais e tumultos nas rua não são novidade. Essa cidade do estado do Oregon tem uma longa história de ativismo operário e de desafio à autoridade, mas também um sombrio passado segregacionista.

Assim, apesar de sua pequena população negra, Portland não foi uma inesperada cena dos protestos contra o racismo que assolam os Estados Unidos e que levaram o presidente Donald Trump a enviar agentes federais para diferentes cidades.

Os manifestantes se mobilizam quase todas as noites desde que o afro-americano George Floyd morreu sufocado sob o joelho de um policial branco em maio passado, em Minneapolis.

Com cerca de 650.000 habitantes, Portland começou a construir sua reputação de militância de extrema esquerda durante os agitados anos da década de 1960, como aconteceu com Seattle, ao norte, e San Francisco, mais ao sul.

E, desde a eleição presidencial de 2016, Portland simboliza a oposição mais virulenta contra Trump e seu Partido Republicano.

"Os políticos antiautoritários de esquerda (...) estão presentes na verdadeira cultura de protesto de Portland nos últimos 30 anos, ou mais", afirmou o professor de Ciência Política Joe Lowndes, da Universidade de Oregon.

A cidade ganhou o apelido de "Little Beirut" ("Pequena Beirute"), em referência à longa guerra libanesa depois que o então presidente George H.W. Bush enfrentou barricadas, pneus em chamas e cânticos hostis.

"Mais recentemente, houve um tipo de trabalho antifascista nas ruas de Portland", lutando contra grupos supremacistas brancos e de extrema direita, disse Lowndes.

Protestos e "ataques violentos" dos grupos de extrema direita contra os moradores de Portland surgiram em 2016, acrescentou o professor, levando a "uma ativa rede de ativistas antifascistas que foi crescendo nos últimos anos".

Em novembro de 2016, uma manifestação contra a eleição de Trump terminou em três dias de tumultos e confrontos com a polícia.

Inicialmente, a pandemia da COVID-19 conteve os ânimos e restaurou a calma nas ruas. Depois, no entanto, cenas de supremacistas brancos e de neonazistas brigando com anarquistas encapuzados "Antifa" (antifascistas) se tornaram comuns.

"É uma espécie de campo de batalha para extremistas", completou Lowndes.

"Dado que Portland ganhou a reputação de liberal, radical (e) progressista, as pessoas passaram a compartilhar essas posições e se gerou uma espécie de retroalimentação, fazendo a cidade se radicalizar ainda mais", disse Steven Beda, professor de História da Universidade de Oregon.

Apesar de sua fama de santuário de esquerda, a cidade e o estado foram o produto de instituições racistas, lembrou Beda.

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