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Confinamento, imunidade coletiva, método coreano: em busca da estratégia certa

O confinamento salvou vidas, mas seu custo social e econômico é pesado, segundo alguns. No outro extremo, deixar circular o coronavírus na esperança de imunidade coletiva é apontado como cinismo, porque se traduz em mortes

AFP
23/04/2020 às 11:08.
Atualizado em 31/03/2022 às 02:30

O confinamento salvou vidas, mas seu custo social e econômico é pesado, segundo alguns. No outro extremo, deixar circular o coronavírus na esperança de imunidade coletiva é apontado como cinismo, porque se traduz em mortes.

Qual é, então, a estratégia certa para enfrentar a pandemia de coronavírus?

Seguindo o exemplo da China, essa medida foi aplicada por muitos países de maneira estrita - como fizeram Espanha, Itália, França e Reino Unido - ou de forma mais branda, caso de Alemanha, ou Suíça, por exemplo.

Frequentemente decidida em urgência, o confinamento não visa a pôr um fim à epidemia, mas impedir que o sistema hospitalar, em particular as unidades de terapia intensiva, fique sobrecarregado por um fluxo em massa de pacientes.

É uma questão de reduzir o contágio, limitando os contatos entre os indivíduos.

Desse ponto de vista, a contenção deu frutos: a maioria dos especialistas estima que salvou milhares de vidas.

O preço a pagar, no entanto, é uma grave recessão econômica e sérios problemas sociais e sanitários: aumento da desigualdade, violência doméstica, ansiedade, agravamento de outros problemas de saúde além da COVID-19, etc.

Essas consequências também podem levar a mortes.

Uma coluna de três especialistas no European Journal of Cancer alerta para um "aumento de mortes por câncer" nos próximos meses.

O argumento é que o diagnóstico e os tratamentos estão sendo dificultados pela implementação de medidas como o confinamento e pela prioridade dada à COVID-19 no atendimento.

Além disso, o sucesso do confinamento é uma faca de dois gumes: ao impedir que o vírus circule, também impede que se atinja o nível de imunidade coletiva que, em tese, poderia frear a doença.

Na França, um estudo do Instituto Pasteur estima que cerca de 6% da população terá sido infectada pelo coronavírus em 11 de maio, data prevista para a redução do confinamento.

Um nível insuficiente para impedir que a epidemia volte com força, pois exigiria "70% de pessoas imunizadas", explica à AFP o principal autor do estudo, Simon Cauchemez.

A maioria dos países que escolheram o confinamento pretende aliviá-lo nas próximas semanas, mantendo medidas de distanciamento social.

Objetivo: tentar controlar a epidemia testando e isolando massivamente os doentes. E evitar voltar ao ponto de partida, ou seja, a obrigação de confinamento.

Nos Estados Unidos, protestos contra o confinamento receberam apoio do presidente Donald Trump.

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