Zohrab Mahdessian voltou a abrir sua floricultura em Los Angeles nesta sexta-feira (8) após sete semanas fechada por causa da pandemia do novo coronavírus.
As autoridades da Califórnia decidiram flexibilizar o confinamento imposto para conter a disseminação do vírus, permitindo a alguns comércios, como livrarias, lojas de música e roupas, além das floriculturas, retomarem suas operações.
E para Mahdessian, o momento não poderia ser mais oportuno: assim como no Brasil, no domingo é dia das mães nos Estados Unidos e as encomendas não param de chegar.
"É bom que aconteça no dia das mães, assim posso recuperar parte das perdas que tive", disse à AFP este armênio de 58 anos, 20 dos quais dedicou à sua floricultura, a Jasmine"s Garden, no bairro Los Feliz.
"Fico preocupado com o depois", acrescentou. "Não sei como serão as coisas porque o vírus permanece e não acho que o negócio fique como antes. Esperemos que melhore com o tempo".
Às cinco da manhã, ele fazia fila com seu carro no mercado atacadista de flores, que também abriu nesta sexta, para se abastecer com tudo o que precisava. Seu fornecedor de confiança o havia alertado duas horas antes para que chegasse cedo para conseguir bons produtos.
Ele comprou rosas, orquídeas, suculentas, girassóis.... Há muito pouco, teve que jogar no lixo 1.500 dólares em plantas quando veio a ordem de fechamento de negócios não essenciais para conter o coronavírus.
O mercado estava uma loucura: uma multidão caminhando de um lado para outro, alguns levando caixas de rosas na cabeça, outros empurrando carrinhos lotados, uma gritaria e um alvoroço muito similar aos velhos tempos.
"Vemos as máscaras, mas não há distanciamento social... Isso dá um pouco de medo", contou Mahdessian. "É que todo mundo precisa de flores, se entende este caos, as pessoas precisam se reabastecer depois destas sete semanas perdidas", justificou.
Nesta primeira fase de reabertura, os clientes não podem entrar e passear pelas lojas. Têm que ir pegar seus pedidos na calçada.
As concessionárias de carros também podem abrir sob estritas medidas de distanciamento social nos "show rooms".
A editora de cinema Elisa Cohen, que comprou um arranjo de rosas na Jasmine"s Garden, disse que não estava muito à vontade com a decisão de reabertura.
"Fico preocupada de que tenhamos novos surtos", afirmou. "Não acho que vá a nenhuma loja, vim aqui porque eu o conheço".
A Califórnia soma mais de 2.250 mortes por COVID-19, 60% delas no condado de Los Angeles, onde muito poucas lojas decidiram retomar suas operações.