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Começou nos EUA julgamento por narcotráfico que atinge presidente de Honduras

O suposto narcotraficante hondurenho Geovanny Fuentes Ramírez, acusado pela justiça americana de conspiração para introduzir cocaína nos Estados Unidos com a ajuda do presidente de Honduras, será julgado a partir desta segunda-feira (8) em um tribunal federal de Nova York

AFP
08/03/2021 às 16:55.
Atualizado em 22/03/2022 às 09:29

O suposto narcotraficante hondurenho Geovanny Fuentes Ramírez, acusado pela justiça americana de conspiração para introduzir cocaína nos Estados Unidos com a ajuda do presidente de Honduras, será julgado a partir desta segunda-feira (8) em um tribunal federal de Nova York.

O julgamento pode ter implicações para o presidente hondurenho, Juan Orlando Hernández, que é identificado em documentos judiciais como "co-conspirador" de Fuentes no envio de toneladas de drogas para os Estados Unidos, mas que não foi indiciado.

Fuentes, acusado de três crimes de narcotráfico e porte de armas para levar adiante crimes de tráfico de drogas, entrou no tribunal da zona sul de Manhattan com máscara, calça cinza e camisa azul claro, sem gravata.

Imediatamente, o juiz Kevin Castel anunciou que havia recebido uma carta "alarmante" dos promotores afirmando que o filho de Fuentes entrou em contato com a companheira de uma testemunha cooperante, algo "que pode ser interpretado como interferência, ameaça ou intimidação" da testemunha.

Castel alertou que essa conduta pode ser punida e resultar em novas acusações a Fuentes de obstrução da justiça ou até mesmo no aumento de sua pena, caso seja considerado culpado.

Nesta segunda-feira, o juiz deu início à escolha dos 12 membros do júri e vários suplentes, para que depois tenham início as argumentações iniciais da acusação e da defesa.

Castel antecipou que o processo durará cerca de 10 dias úteis.

Documentos da procuradoria do distrito sul de Manhattan indicam que Fuentes, preso em 1º de março de 2020 em Miami, pagou "dezenas de milhares de dólares" em propinas a Hernández em troca de uma promessa de proteção e apoio militar para seu negócio de narcotráfico em 2013, quando era presidente do Congresso e candidato à Presidência.

Nos documentos, os promotores identificam Juan Orlando Hernández, de 52 anos, como "CC-4" (co-conspirador 4) do acusado, e afirmam que ele ajudou Fuentes a enviar cocaína para os Estados Unidos, usando como intermediário seu irmão, Juan Antonio "Tony" Hernández.

Tony Hernández, de 42 anos, foi considerado culpado de tráfico de drogas em "grande escala" em Nova York em outubro de 2019 e sua sentença, adiada várias vezes, está marcada para 23 de março. Pode ser condenado a uma pena máxima de prisão perpétua.

Seu advogado durante o julgamento, Melvin Bonilla, foi morto na última quinta-feira em Honduras por homens armados.

Em reunião com Fuentes, segundo os promotores, "CC-4 disse que queria fazer a agência antidrogas dos Estados Unidos (DEA) pensar que Honduras estava lutando contra o narcotráfico, mas que na realidade eliminaria a extradição e "meteria a droga no nariz dos gringos"".

"O réu (Fuentes) estava animado por ter a proteção e o CC-4 e concordou em trabalhar com o CC-4 e seu irmão (Tony) para importar cocaína para os Estados Unidos", segundo o documento de acusação.

Durante o julgamento de Tony Hernández, uma testemunha contou que testemunhou uma reunião em 2013, onde o ex-chefe do cartel de Sinaloa Joaquín "Chapo" Guzmán deu um milhão de dólares em dinheiro ao réu para a campanha presidencial de seu irmão José Orlando.

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