Nove meses depois da morte do afro-americano George Floyd, que provocou enormes manifestações contra o racismo nos Estados Unidos, começa nesta segunda-feira o julgamento contra o policial branco acusado pelo assassinato
Nove meses depois da morte do afro-americano George Floyd, que provocou enormes manifestações contra o racismo nos Estados Unidos, começa nesta segunda-feira o julgamento contra o policial branco acusado pelo assassinato.
A seleção do júri terá início nesta segunda-feira em Minneapolis no caso contra Derek Chauvin, um ex-oficial do Departamento de Polícia de Minnesota (MPD) que foi filmando pressionando o pescoço de Floyd durante quase nove minutos enquanto o detido, que estava algemado, lutava para respirar.
Milhares de pessoas protestaram no domingo nesta cidade do norte do país atrás de um caixão coberto de rosas brancas para exigir "justiça".
A multidão, muito diversa, manteve silêncio na maior parte do tempo, quebrado apenas para repetir "Se não há justiça, não há paz". Um cartaz destacava as últimas palavras de Floyd: "Não consigo respirar".
As imagens chocantes da morte de Floyd, de 46 anos, em 25 de maio, geraram a onda de protestos "Black Lives Matter" (Vidas Negras Importam) contra a brutalidade policial e a injustiça racial nos Estados Unidos e em capitais ao redor do mundo.
O caso de Chauvin promete ser inédito em muitos aspectos: contará com advogados famosos, será realizado sob forte segurança e será transmitido ao vivo.
O escritório do Procurador-Geral do Estado de Minnesota convocou Neal Katyal, um ex-procurador-geral interino que já argumentou na Suprema Corte, para ajudar com a acusação.
Katyal descreveu o julgamento de Chauvin como um "caso criminal histórico, um dos mais importantes da história" dos Estados Unidos.
Ashley Heiberger, ex-policial que agora trabalha como consultora sobre as práticas policiais, afirmou que "o fato de um policial ter sido acusado criminalmente de uso abusivo da força é, em si mesmo, uma exceção".
"É ainda mais raro que eles sejam condenados", acrescentou. "Há uma tendência do júri querer dar ao policial o benefício da dúvida", ressalta.
Porém, as circunstâncias do caso Chauvin, de 44 anos, são tão preocupantes que "nenhuma policial ou organização policial saiu para defender seu ato", explica.
Três outros oficiais envolvidos na prisão de Floyd, Alexander Kueng, Thomas Lane e Tou Thao, enfrentam acusações menores e serão julgados de forma separada.
Os quatro envolvidos no caso foram demitidos pelo Departamento de Polícia de Minneapolis.
Chauvin, que atuava há 19 anos na polícia, foi libertado sob fiança no outono (hemisfério norte, primavera no Brasil) e deve se declarar inocente das acusações de homicídio e homicídio culposo.