INTERNACIONAL

Com a lei de segurança, 'a noite caiu sobre Hong Kong'

Prisões, candidaturas invalidadas ... Um mês após a promulgação da draconiana lei de segurança em Hong Kong, as consequências são inúmeras

AFP
10/08/2020 às 11:25.
Atualizado em 25/03/2022 às 17:03

Prisões, candidaturas invalidadas ... Um mês após a promulgação da draconiana lei de segurança em Hong Kong, as consequências são inúmeras.

"É como se a noite tivesse caído", disse Tony Chung, um estudante de 19 anos que foi preso acusado de escrever mensagens nas redes sociais que ameaçavam a segurança nacional.

No mesmo dia, três outros estudantes, incluindo uma garota de 16 anos, foram presos pelas mesmas acusações.

Essas prisões foram feitas no âmbito da lei de segurança imposta por Pequim no final de junho e que levanta temores de um sério declínio das liberdades na ex-colônia britânica.

A entrada em vigor desta lei - no dia 30 de junho - considerada liberticida por muitos ativistas pró-democracia, desencadeou um verdadeiro terremoto político no território.

Nos termos do acordo de retrocessão com Londres, Pequim deveria permitir a Hong Kong um elevado nível de autonomia até 2047, sob o princípio "Um país, dois sistemas", que teoricamente garante aos seus habitantes liberdades desconhecidas no resto da China.

A lei de segurança nacional foi aprovada em resposta às enormes, e muitas vezes violentas, manifestações que abalaram o enclave no ano passado, pondo fim a este compromisso.

Na semana passada, os Estados Unidos anunciaram sanções contra líderes chineses e de Hong Kong, incluindo a chefe do Executivo local, Carrie Lam.

Apesar das garantias de Pequim de que a lei atinge apenas uma minoria de pessoas, da noite para o dia certas opiniões políticas pacíficas se tornaram ilegais.

"Em uma noite, a mudança foi tão espetacular e importante que foi como um segundo retrocesso", disse à AFP o advogado Antony Dapiran.

O conteúdo da nova legislação, que põe fim em particular à independência judicial de Hong Kong, foi mantido em segredo por Pequim até ser promulgado.

O texto dá às autoridades novos poderes para reprimir quatro tipos de crimes contra a segurança do Estado: subversão, separatismo, terrorismo e conluio com forças estrangeiras.

Discurso de ódio contra o governo, apoio a sanções estrangeiras ou perturbação da ordem pública também compõem a lista de crimes.

As primeiras prisões ocorreram em 1º de julho, aniversário da devolução de Hong Kong à China.

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