O serviço voltou ao normal à noite, após encontro com empresários
Os funcionários cruzaram os braços nesta quinta-feira; eles reivindicam melhorias (Del Rodrigues)
Os moradores de Piracicaba foram surpreendidos pela paralisação dos funcionários que prestam serviço de coleta de lixo e varrição de ruas, nos períodos da manhã e tarde desta quinta-feira (4). Após reunião com representantes do Siemaco (Sindicato da categoria) e do Sindicato dos Condutores, às 6h30, os trabalhadores optaram por cruzarem os braços até que a empresa Piracicaba Ambiental regularize a situação. O serviço voltou ao normal à noite, após encontro com a diretoria da empresa, no final da tarde. A decisão de não trabalhar nos turnos da manhã e da tarde foi uma forma dos coletores terem suas reivindicações trabalhistas atendidas, informou o Sindicato. "Falta melhorar as condições da coleta. Não temos equipamentos de trabalho adequados como sapatos, luvas, calças e camisas. Além disso, os caminhões estão em péssimas condições. Inclusive, o motorista de cada veículo é responsável por qualquer dano causado durante o serviço, mesmo quando avisa a empresa que o caminhão está sem condições de uso", conta o membro da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, Valter Ivan Teixeira Domingos. Outro problema enfrentado pelos coletores e varredores é o não depósito do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e o atraso no pagamento das férias. "Há no mínimo um ano a empresa não deposita o FGTS. Fato que nos impede de conseguir um financiamento de imóvel, por exemplo. Além disso, quando o trabalhador entra em férias, por lei, ele deve receber o pagamento dois dias antes da data de sua saída. Mas este tem sido feito com 15 dias de atraso", explica Domingos. Na manhã desta quinta-feira (4), mais de 100 trabalhadores ficaram concentrados em frente à sede da empresa, no bairro Santa Rosa. Na ocasião, a reportagem da Gazeta de Piracicaba constatou que o medo de represália é comum entre a maioria dos trabalhadores - eles concordaram em conceder entrevista, mas forneceram apenas o primeiro nome. "Trabalho há três anos na empresa e há dois, quando a nova administração assumiu, a situação começou a ficar precária", conta Ricardo. Mesma constatação de Paulo. "Eu trabalho de tênis, que compro com o meu dinheiro, pois não tenho bota. Já questionei a empresa, mas até agora nada. Corro risco de me machucar". A exemplo de Paulo, outros funcionários mostraram a falta de sapatos adequados para o trabalho - entre as pessoas que se reuniram em frente a Piracicaba Ambiental, dezenas mostraram que calçavam tênis. O Siemaco informou que 15 caminhões fazem a coleta domiciliar, seletiva e do cata-cacareco. Nos três turnos, são cerca de 140 trabalhadores. Os funcionários informaram que cada caminhão conta com cinco trabalhadores (inclusive o motorista). Outro lado A Prefeitura notificou a empresa Piracicaba Ambiental para que a coleta fosse realizada. "Não existe por parte dos funcionários nenhuma reivindicação salarial. Trata-se de questões gerenciais internas. O recolhimento do FGTS encontra-se em dia. Isto pode ser comprovado através do Certificado de Regularidade do FGTS - CRF da Caixa Federal que é entregue mensalmente pela empresa como condição para o pagamento dos serviços pela Prefeitura. E neste caso, o mesmo encontra-se dentro da validade", informou em nota. A Prefeitura Municipal comunicou a ARES-PCJ (agência reguladora) responsável pela regulação do contrato da Empresa Piracicaba Ambiental, a quem compete a fiscalização e cobrança das providências da empresa. A empresa informou que cerca de 15 bairros haviam deixado de ser atendidos pelo serviço de coleta de lixo doméstico na manhã de desta quinta-feira (04/08/2016)".