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Chipre do Norte vota para designar novo dirigente

Os habitantes da autoproclamada República Turca de Chipre do Norte(RTCN), reconhecida apenas pela Turquia, votavam neste domingo (11) para eleger seu líder, uma eleição que opõe o atual presidente e crítico do chefe de Estado turco, Recep Tayyip Erdogan, ao candidato de Ancara

AFP
11/10/2020 às 09:26.
Atualizado em 24/03/2022 às 10:51

Os habitantes da autoproclamada República Turca de Chipre do Norte(RTCN), reconhecida apenas pela Turquia, votavam neste domingo (11) para eleger seu líder, uma eleição que opõe o atual presidente e crítico do chefe de Estado turco, Recep Tayyip Erdogan, ao candidato de Ancara.

A eleição "presidencial" acontece num contexto de tensões no Mediterrâneo oriental sobre a exploração de hidrocarbonetos entre Ancara e Atenas, principal aliada da República de Chipre, que exerce a sua autoridade em dois terços da parte sul da ilha e que pertence à União Europeia.

A RTCN, onde vivem cerca de 300.000 pessoas, cobre o terço norte da ilha, ocupado desde 1974 pela Turquia em reação a um golpe que pretendia anexar Chipre à Grécia. A Turquia, cuja costa fica a cerca de 80 km de Chipre, vê a ilha como um elemento-chave em sua estratégia de estender suas fronteiras marítimas.

Em uma escola na parte norte de Nicósia, a última capital dividida do mundo, os eleitores chegavam de máscara devido ao coronavírus, confirmaram jornalistas da AFP presentes no local.

Cerca de 199.000 eleitores estão registrados. No final da manhã, a participação em Nicósia era de 17,02%, segundo o Conselho Eleitoral.

Onze candidatos concorreram à eleição, incluindo o "presidente" Mustafa Akinci, favorito nas urnas.

O presidente é um social-democrata de 72 anos a favor da reunificação da ilha e da redução dos laços com Ancara, o que lhe rendeu a hostilidade do presidente turco Recep Tayyip Erdogan.

"Esta eleição é crucial para o nosso destino", declarou Akinci a repórteres após a votação, expressando preocupação pela saúde dos cipriotas turcos por causa da pandemia, mas também pela "saúde da política" na RTCN.

Até o momento, a RTCN confirmou 400 casos de covid-19 e quatro mortes.

O dirigente denunciou "a intervenção da Turquia" na eleição e o "uso que as autoridades turcas [na RTCN] fizeram de seus colégios como se fossem gabinetes de campanha".

A Turquia apoia abertamente o principal rival de Akinci, o nacionalista Ersin Tatar, de 60 anos, atualmente o "primeiro-ministro" do governo e sobre quem repousa grande parte dos poderes executivos.

"A RTCN e seu povo formam um Estado (...) Merecemos viver [governados] em igual soberania", declarou Tatar em frente ao colégio eleitoral, sob aplausos de alguns apoiadores, dando a entender que apoia a divisão definitiva da ilha em dois Estados soberanos.

Há anos, as negociações para reunificar a ilha esbarram na questão da retirada dos quase 30.000 soldados turcos destacados no terço norte.

"Esta eleição é importante porque elegemos o presidente que negociará com os cipriotas gregos sobre o futuro de Chipre", explicou Esat Tulek, um funcionário público aposentado de 73 anos que votou em Nicósia.

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