Um segundo advogado chinês de direitos humanos que defende um dos 12 ativistas pró-democracia de Hong Kong acusados de deixar ilegalmente o território anunciou nesta terça-feira (2) que as autoridades revogaram sua licença profissional
Um segundo advogado chinês de direitos humanos que defende um dos 12 ativistas pró-democracia de Hong Kong acusados de deixar ilegalmente o território anunciou nesta terça-feira (2) que as autoridades revogaram sua licença profissional.
Ren Quanniu mostrou à AFP um documento do Departamento de Justiça de Henan, uma província na China central, revogando seu direito de exercer a advocacia.
Outro advogado, Lu Siwei, que também estava trabalhando no caso "Os doze de Hong Kong", perdeu sua licença profissional em janeiro.
Em Washington, o Departamento de Estado disse que os Estados Unidos estavam "profundamente preocupados" com a situação. "Pedimos a Pequim que respeite os direitos humanos e o Estado de Direito e devolva imediatamente suas licenças", escreveu o porta-voz Ned Price no Twitter.
Os doze ativistas pró-democracia foram detidos no mar pela guarda costeira chinesa em 23 de agosto enquanto tentavam fugir do território para Taiwan.
Em junho, a China impôs uma lei de segurança nacional em Hong Kong que lhe dá jurisdição na cidade para alguns crimes e dá às suas forças de segurança a capacidade de agir abertamente.
Alguns dos passageiros do navio estão ameaçados de processo em Hong Kong por sua participação nos protestos pró-democracia massivos que ocorreram na cidade em 2019.
Em setembro, os dois advogados tiveram negado o acesso para se reunirem com os réus na China continental.
No final de dezembro, um tribunal chinês condenou 10 dos 12 ativistas a até três anos de prisão por terem cruzado a fronteira ilegalmente. Dias depois, as autoridades advertiram os dois advogados que suas licenças seriam revogadas.
Ren Quanniu recebeu a notificação após uma audiência na última sexta-feira em Henan relacionada a um caso de 2018 no qual ele representou um membro do Falun Gong, um grupo religioso proibido na China continental.
As autoridades consideraram que o advogado "perturbou a ordem normal do processo judicial", "deteriorou gravemente a imagem da atividade jurídica" e "causou um impacto negativo na sociedade".
Ren Quanniu disse à AFP que as acusações eram "infundadas".
"Se minha licença puder ser revogada nessas circunstâncias, acho que o sistema jurídico chinês está morto", criticou.
Os dois advogados acreditam que a revogação de seus direitos profissionais se deve ao fato de terem defendidos os "Doze de Hong Kong".
"Os ativistas perseguidos e aqueles que criticam o governo hoje têm poucas chances de encontrar advogados para defender seus direitos", estimou a ONG Chinese Human Rights Defenders.