INTERNACIONAL

China pressiona agricultores australianos

A decisão da China de punir com tarifas a cevada da Austrália levou os agricultores à incerteza e significará uma perda de centenas de milhões de dólares australianos

AFP
25/05/2020 às 10:15.
Atualizado em 27/03/2022 às 22:41

A decisão da China de punir com tarifas a cevada da Austrália levou os agricultores à incerteza e significará uma perda de centenas de milhões de dólares australianos.

Os agricultores australianos estão na linha de frente da tensão diplomática entre a China e a Austrália.

Em 18 de maio, a China decidiu aplicar tarifas de 80,5% à cevada australiana, privando assim os produtores de cereais do país desse mercado, o mais importante para eles.

A notícia "chocou" o produtor australiano Tim O"Meehan.

"Eu já havia plantado metade do meu campo de cevada, quando essa nova tarifa foi anunciada. Então parei tudo e plantei trigo nas terras restantes", disse O"Meehan, da terceira geração de agricultores da família, que estima que entre "70% e 80%" de sua produção vão para a China.

Ele está otimista, porém, com a possibilidade de vender a mercadoria para outros países. E admite que "haverá necessariamente uma queda na receita: o preço de uma tonelada de cevada era de 270 dólares australianos (162 euros), caiu para 219 (131 euros) após o anúncio pelos chineses, e agora está em torno de 240 (144 euros). Vai ser difícil".

A China justifica o novo imposto, dizendo que houve dumping (venda a um preço abaixo do custo de mercado) na cevada importada da Austrália.

Uma investigação foi conduzida por quase 18 meses, e a expectativa era de uma sanção. Mas, lamenta Brad Jones, à frente de uma fazenda de cereais de 11.000 hectares, "não se esperava que o valor da tarifa fosse tão alto".

A Austrália ameaçou recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC).

Ambos os países sustentam que o que está por trás deste caso é uma disputa comercial, mas chama a atenção que o anúncio de Pequim tenha ocorrido apenas alguns dias após a Assembleia Mundial da Saúde, realizada em 17 de maio.

Durante a Assembleia, mais de 130 Estados assinaram uma moção promovida pela Austrália e pelos Estados Unidos, pedindo uma investigação sobre as origens da pandemia de coronavírus.

A China se opôs categoricamente a essa investigação.

Além disso, em 26 de abril, o embaixador da China em Camberra, Cheng Jingye, sugeriu claramente que uma retaliação econômica poderia ser tomada, se a Austrália insistisse em pedir uma investigação.

Além da cevada, a China também anunciou alguns dias antes sua decisão de suspender a importação de carne bovina de quatro dos principais matadouros da Austrália. Sozinhos, eles representam um terço da produção do país.

A China é o principal cliente da carne bovina da Austrália, mas as notícias não desestabilizaram a AaCo, maior produtor australiano.

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