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Chile tem noite de protestos antes de voto chave sobre acesso a fundos previdenciários

O Chile viveu uma noite de panelaços, saques e barricadas, após convocações feitas nas redes sociais para apoiar um projeto de lei visando à retirada antecipada de valores depositados em fundos previdenciários

AFP
15/07/2020 às 16:26.
Atualizado em 25/03/2022 às 22:38

O Chile viveu uma noite de panelaços, saques e barricadas, após convocações feitas nas redes sociais para apoiar um projeto de lei visando à retirada antecipada de valores depositados em fundos previdenciários. O texto será submetido a votação chave no Congresso nesta quarta-feira, em meio à quarentena.

O barulho das panelas foi sentido com força a partir das 21h locais, por mais de uma hora, em grande parte de Santiago e nas principais cidades do país. Em seguida, houve distúrbios, carros incendiados e barricadas erguidas em diferentes bairros da capital chilena.

Os protestos buscam pressionar pela aprovação de uma lei que possibilite a retirada antecipada de 10% dos valores depositados em fundos previdenciários, cujo debate foi aprovado na semana passada pela Câmara dos Deputados em votação considerada uma "derrota histórica" para a direita da coalizão do governo de Sebastián Piñera.

Segundo pesquisas, a medida conta com o apoio de mais de 80% dos cidadãos, em meio a uma crise econômica sem precedentes após quatro meses de confinamento.

O descontentamento social voltou a ser sentido em Santiago, onde vivem 7,1 milhões dos 18 milhões de chilenos, e que, como capital, concentra a maior parte do PIB do país. Após 55 dias de quarentena total na região metropolitana, a classe média, que arrasta níveis de endividamento acima de 70%, sente a crise em seus lares e não recebeu nenhuma assistência pública direta.

O cenário econômico sombrio se cruza com uma estratégia sanitária que teve tropeços depois de dois meses de aparente êxito, e que deixou o Chile entre os 10 países com mais casos do novo coronavírus.

- Violência -

Os distúrbios em bairros periféricos de Santiago foram registrados em meio ao toque de recolher em vigor. Manifestantes ergueram barricadas e saquearam supermercados.

No centro de Santiago, um grupo de encapuzados incendiou 20 veículos em uma concessionária, além de um ônibus público. No total, houve 28 barricadas, 13 saques e dois ataques a quartéis da polícia, que levaram à prisão de 61 pessoas em todo o país, segundo a polícia.

"Nenhuma discussão democrática, nenhuma causa pode justificar atos de violência como os que ocorreram ontem à noite", criticou nesta quarta-feira o ministro do Interior e da Segurança, Gonzalo Blumel.

- Dia chave no Congresso -

Os panelaços e barricadas antecederam a votação na Câmara dos Deputados sobre uma retirada antecipada dos fundos previdenciários privados no país, pioneiro em instaurar um sistema de capitalização absolutamente individual, sem o aporte dos empregadores, em plena ditadura de Augusto Pinochet (1973 - 1990).

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